A chave para correr mais riscos

A chave para correr mais riscos
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“Pensa que vão levá-la a sério o suficiente para a ouvirem?”, perguntou-me o orador à entrada da sala onde eu deveria fazer uma comunicação.

“Sim” foi a primeira palavra que saiu da minha boca.

Melinda Lewis

Ser questionada desta forma teria sido provavelmente desconfortável para a maioria das pessoas. Fiquei a pensar se não haveria ali preconceito em termos de género. Independentemente do que estava por detrás da questão, o maior risco nesta situação era não acreditar em mim mesma. Isto era um risco porque teria mudado a dinâmica, em que eu teria sido menos respeitada se tivesse concordado com ele em como não era respeitada.

No artigo da Harvard Business Review intitulado “Do Women Take as Many Risks as Men?”, são mencionados fatores como o tipo de risco, a perceção de quem arrisca e o preconceito de género. Outras áreas de exploração também mencionadas incluem as diferenças entre homens e mulheres em termos da atividade cerebral, bem como da tomada de decisão.

Tradicionalmente, assumir riscos é um traço associado aos homens. Estudos mostram que a confiança das raparigas diminui à medida que se aproximam da idade adulta, enquanto a dos rapazes aumenta. Com o nível de confiança mais baixo, as mulheres são apercebidas como sendo avessas ao risco. A que se soma o facto de o comportamento de agradar aos outros estar mais associado às mulheres, que procuram aprovação e evitam o confronto.

Penso que trabalhar a confiança é crucial para assumir riscos e fundamental para alcançar objetivos. No sentido de ter confiança em situações que podem envolver risco, gosto de fazer as seguintes perguntas para me ajudar a tomar decisões:

1.ª - O que está em jogo? Existem muitas ferramentas para fazer avaliações de risco, mas nenhuma é melhor do que fazer uma verificação de prioridades sobre o que está em jogo para o seu crescimento pessoal e como se sente em relação às suas opções.

2.ª - Onde estão as oportunidades? Observar as oportunidades micro e macro pode ajudar a reformular um risco e a apoiar decisões críticas. Além de que identificar o que se pode ganhar e como tal irá permitir atingir as metas de negócio pode ajudar a ganhar confiança.

3.ª - Como poderei lidar com o fracasso? Estabelecer cenários diferentes, desde a melhor hipótese até ao pior que pode acontecer, é algo que costumo fazer para me ajudar a sentir mais preparada e estar confiante em relação a como posso lidar com o resultado. Além de que recordar como, no passado, superei o fracasso e a rejeição, dá-me coragem para continuar a tentar.

Para encerrar, uma citação de John A. Shedd (1850-1926, segundo presidente dos armazéns Marshall Field & Company) resume por que é importante ganhar confiança e assumir riscos: “Um navio no porto está seguro – mas não é para isso que os navios são construídos”.

03-04-2018


Portal da Liderança


Melinda Lewis Small

Melinda Lewis é uma profissional e instrutora de marketing digital sediada na Baía de São Francisco, nos EUA. Formada na School of Foreign Service da Universidade de Georgetown, em Washington, D.C., trabalhou no México, em Espanha e na França. Em 2016 foi considerada uma das consultoras de marketing Best ProFinder do LinkedIn (plataforma que faz a ligação entre os consumidores e pequenas empresas a serviços de profissionais freelancers). Melinda dá ainda aulas de marketing, tendo lecionado Negócios Internacionais e Comunicações Interculturais em Paris num curso de verão entre 2013 e 2016.
Melinda Lewis trabalhou como consultora na Leadership Business Consulting em São Francisco, no desenvolvimento de novos negócios para start-ups portuguesas e dando apoio num programa de inovação em Silicon Valley.
Autora e ávida viajante, gosta de escrever sobre o futuro do trabalho, a sociedade e as nuances culturais.