Eis o nosso ponto: o importante não é tanto saber se haverá crises ou não – porque elas são inevitáveis – mas antes o que se faz com elas.
Deixamos uma síntese de linhas de orientação para bons marinheiros que querem assumir um papel de liderança durante tempos de crise:
- Lidere como um líder: não se assuma como vítima da crise.
- Assuma o seu destino – não deixe que sejam os outros a fazê-lo por si.
- Seja otimista – mas não ande com a cabeça nas nuvens.
- Mantenha a consciência de que ninguém resolve uma crise sozinho – não carregue o mundo às costas.
- Preste atenção à qualidade das suas interações pessoais, não descure os amigos e a família.
- Não se circunscreva ao capital intelectual. Invista também no capital psicológico positivo dos membros da organização. Ou seja, desenvolva-lhes a força de vontade, a resiliência, o otimismo e a autoconfiança.
As crises provocam um efeito paradoxal: tornam o sistema organizacional mais rígido, numa altura em que ele mais precisa de imaginação, criatividade e flexibilidade. Constituem, por isso, momentos em que os processos menos importantes noutros momentos se tornam centrais.
A crise constitui o teste ácido à capacidade de liderança dos dirigentes. Para ajudar o leitor a passar no teste, proceda do seguinte modo:
- Discuta o modo como a organização interpreta a crise. Explicite essa leitura e as suas implicações. Não as esconda.
- Trabalhe conjuntamente a razão e a emoção organizacionais, para que a crise não tome conta da organização – e seja a organização a gerir a sua própria situação.
- Assuma que a crise se combate com mais inovação e otimismo – e não com mais rigidez e pessimismo. Liderar em tempo de crise é uma espécie de exercício contraintuitivo de judo organizacional: em vez de se deixar ir com a crise, use a energia que a crise liberta para combater a própria crise.
Miguel Pina e Cunha é professor catedrático na Nova School of Business and Economics de Lisboa e da Angola Business School, desenpenhando funções de diretor académico do The Lisbon MBA. Doutorado em Gestão pela Universidade de Tilburg e agregado em Teoria das Organizações pela Universidade Nova de Lisboa, tem vindo a investigar, entre outros temas, a relação entre as organizações e a sociedade. Recebeu o Prémio RH 2007 na categoria investigação, em conjunto com Arménio Rego.
Arménio Rego é doutorado e agregado em Gestão, lecionando na Universidade de Aveiro. É autor e coautor de mais de três dezenas de livros e tem desenvolvido projetos de consultadoria em liderança e gestão de pessoas e realizado dezenas de conferências, seminários, wokshops e eventos de formação de executivos. Foi agraciado com diversos prémios, em Portugal e no estrangeiro.
António Abrantes é General Manager na Angola Business School, tendo sido Chief Operating Officer da Nova School of Business & Economics - Executive Education e General Manager da Impresa.DGSM.