A gestão do negócio por processos (BPM) é um compromisso a longo prazo de melhoria contínua da organização. Ter na empresa uma equipa ou centro de excelência focado na transformação para o BPM contribui para o seu sucesso. No entanto, há boas práticas a observar.
Nuno Franca
Hoje o grande desafio enfrentado pelas organizações é a transformação digital, ou seja, a necessidade de uma profunda alteração na “forma como se faz o negócio” (atividades, processos, competências e modelos), de forma a tirar o melhor partido das oportunidades trazidas pelas tecnologias digitais e o respetivo impacto na sociedade.
A gestão do negócio por processos (BPM - Business Process Management), versus a tradicional gestão do negócio baseada num organigrama, é uma parte importante desta transformação. O BPM não é um projeto a curto prazo, mas sim um compromisso de melhoria contínua da organização a longo prazo. Ter na empresa uma equipa/Centro de Excelência (CdE) focado na transformação para o BPM contribui para o sucesso da evolução pretendida.
O que é, o que faz e quais as principais responsabilidades deste CdE BPM na organização?
- Uma equipa, ou pessoa (dependendo da dimensão da organização), transversal à empresa e responsável por tudo o que diz respeito à transformação para o BPM: liderança do processo, investigação e disseminação de melhores práticas, execução e implementação, gestão do programa, etc.
- Deve ser capacitada ao mais alto nível dentro da organização, isto é, deve ter participação direta ou delegação clara e inequívoca da direção da companhia, ao mais alto nível
- Deve conhecer e dialogar com todas as áreas de atividade da empresa (cadeia de valor), sem exceção, apoiando com conhecimento e recomendações de melhores práticas na análise dos processos e metodologias de melhoria contínua
- Em conjunto com a direção da empresa, define a visão e a estratégia para a iniciativa de transformação para o BPM, identificando indicadores e medidas de sucesso, com o objetivo de otimizar os resultados obtidos
- Promove o conhecimento e as boas práticas, evangeliza a organização sobre o BPM
- Organiza, prioritiza e gere o catálogo de processos da organização, promovendo a disseminação dentro da mesma
- Define e garante a infraestrutura ou plataforma de suporte à transformação para o BPM, escalável, e que irá suportar a adoção das aplicações iniciais (que automatizam os processos inicialmente identificados para implementação) permitindo uma posterior expansão.
O que não deve ser o CdE BPM?
- A criação de um departamento dentro da organização, podendo no entanto ter a sua génese numa equipa e posteriormente disseminado para toda a organização, mas claramente fora do núcleo inicial
- Um exercício único.
Boas práticas para um CdE BPM na organização:
- Criar e disseminar o “business case” que suporte a adoção do programa de transformação para o BPM na empresa
- Definir e garantir o financiamento/orçamento necessário, bem como o compromisso ao mais alto nível da organização, para a implementação do programa
- Suportar e disseminar metodologias de melhoria contínua na empresa
- Criar um modelo de boas práticas que permita uma passagem rápida dos processos para produção
- Consolidar iniciativas e projetos individuais de BPM num programa transversal à organização
- Garantir um entendimento comum e partilhado por toda a organização do processo de transformação para o BPM.
Há no entanto a ressalva de que, para que um Centro de Excelência BPM funcione na perfeição, convém ter o acompanhamento de especialistas em BPM, que tornam a transição mais fácil e sem sobressaltos.
01-03-2017
Portal da Liderança
Nuno Franca, product development manager na LBC, tem um mestrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores pelo Instituto Superior Técnico (IST) e uma pós-graduação em Sistemas de Informação, também pelo IST.
Iniciou o percurso profissional no setor público, na carreira de investigação no antigo INETI - Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial. Após uma breve passagem pelo ISCTE como assistente, transita para o setor privado, ingressando na Chipidea Microeletrónica como diretor do departamento de Information and Design Support Systems, onde permanece uma década. Segue-se uma passagem de dois anos pela Artsoft. Em 2013 entra na Leadership Business Consulting, para a área de tecnologia, com enfoque em BPM - Business Process Management, tendo vindo a participar nos principais projetos da consultora.