Ralph Lauren referiu em tempos que “um líder tem a visão e a convicção de que um sonho pode ser alcançado. Ele inspira a força e a energia para fazê-lo”.
Ora Ralph Lauren teve tudo isso e, contando apenas com dois anos de gestão, uma experiência militar no exército americano e algum tempo como vendedor da Brooks Brothers, criou uma marca internacionalmente conhecida e considerada na área da moda, tendo começado por uma loja de gravatas onde também vendia a sua própria linha de laços sob a marca Polo.
Mas será a visão de futuro assim tão determinante num líder? E como criá-la?
A visão do futuro é fundamental num líder, devendo este ser “capaz de desenvolver uma imagem única e ideal do futuro para servir um bem comum, [numa] visão partilhada [em que] os líderes têm de se certificar de que o que veem também é algo que os outros podem ver”, como nos dizem James Kouzes e Barry Posner.
Um líder deve estar atento a tudo o que o rodeia, procurar padrões, ver o que os outros não veem, ser criativo, enérgico e apaixonado, avançando com confiança para a implementação da sua visão positiva sobre o futuro. Estes líderes diferenciam-se entre os demais. Neste sentido podemos destacar líderes como Steve Jobs (Apple e Pixar), Ivan Seidenberg (Verizon Communications Inc.) e Andrew Grove (Intel Corporation), entre outros.
Os afazeres de um líder são muitos, mas é importante que dedique tempo a:
- Pensar no passado, de modo a encontrar o tema recorrente da sua vida.
- Pensar no presente, vendo o panorama geral, as tendências, prestando atenção às pequenas coisas que acontecem à sua volta, de modo a reconhecer os padrões que lhe apontarão o futuro.
- Pensar no futuro, não só para a sua organização mas também para onde vive, sendo tão proactivo quanto o seu poder e o seu nível de responsabilidade, de modo a que nesse futuro seja melhor do que é agora.
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Pensar no que o apaixona e que lhe capta a atenção, pois só estando realmente envolvido é que terá a energia, o empenho e o dinamismo necessários para envolver e motivar todos os implicados, de modo a que estes se transcendam e nutram um sentimento de pertença para com a empresa.
Mas como é que conseguimos envolver, motivar e apaixonar todos os envolvidos?
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Oiça o que é importante para eles e questione-os sobre as suas visões do futuro da empresa
Muito do que lhe dirão refletirá o que os clientes e consumidores lhes transmitiram sobre o que realmente pretendem. Ao ouvi-los irá ficar a conhecê-los e ao seguir os seus conselhos irá dar voz aos seus sentimentos, criando uma visão que é familiar a cada um dele. Deste modo ser-lhe-á mais fácil transmitir a visão que delineou e garantir a identificação e o envolvimento de todos.
Como diz Nancy L. Zimpher, a primeira mulher reitora da State University of New York, “as organizações são mais eficientes quando há uma visão do futuro clara e ambiciosa”, sendo que sempre que assumiu um cargo de liderança fez questão de falar com todos os departamentos e envolvidos, fossem quantos fossem e independentemente da sua localização, ouvir o que estes pensavam e esperavam e de partilhar com eles a sua visão e ideias para o futuro.
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Envolva o que é importante e valorizado por eles
Ao ter ouvido atentamente os envolvidos, irá ficar com a clara perceção do que estes valorizam no trabalho e descobrirá que não é muito diferente de pessoa para pessoa. Segundo Kouzes e Posner, resumem-se a cinco hipótese: ser testado; fazer parte de uma experiência social; fazer algo bem; fazer algo de bom; ter a oportunidade de mudar as coisas.
Quando questionados, os colaboradores referem o interesse do trabalho que desenvolvem e a qualidade da liderança como sendo os aspetos que mais os motivam, procurando sentido e identificação com o trabalho que desenvolvem.
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Crie uma visão digna de empenho, que faça a diferença e gere um sentimento de pertença, através de uma liderança transformadora.
Ao levar as pessoas a identificarem-se com o trabalho que desenvolvem, ao dar-lhe sentido, estará a garantir que estes contribuirão com o seu empenho e dedicação, fomentando a interajuda e a auto-motivação em virtude de se sentirem parte do todo e que o seu trabalho é importante e faz a diferença.
Mas o que deseja MESMO fazer?
James Kouzes e Barry Posner no seu "Desafio de Liderança", tentaram dar uma ajuda e propõem-nos que sigamos os seguintes passos:
1. Escrever no topo de uma folha em branco “O que eu quero conseguir” e por baixo todas as coisas que queremos conseguir com o nosso trabalho, sendo que para cada entrada devemos perguntar-nos “para que quero isto?” consecutivamente a cada uma das nossas respostas até ficarmos sem razões. Com esta etapa descobrimos os valores mais altos que constituem os fins que idealizámos e pelos quais lutamos.
2. Para clarificarmos a nossa visão poderemos adicionalmente responder às seguintes questões:
- Como é que gostava de mudar o meu mundo e o da minha organização?
- Como quero ser lembrado?
- Se pudesse inventar o futuro, que futuro ia criar para mim e para a minha organização?
- Qual é a missão de vida que me faz ficar obcecado?
- Qual é o meu sonho em relação ao meu trabalho?
- Qual é a minha principal capacidade ou talento?
- Qual a minha maior paixão?
- Que trabalho me absorve, envolve e preenche?
- O que vai acontecer daqui a dez anos se continuar absorvido, envolvido e preso a esse trabalho?
- Como é a minha organização ideal?
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Quais são os meus objetivos pessoais? O que é que eu quero provar?
3. Agora pegue em toda a informação e escreva qual a sua imagem ideal e única do futuro para si e para a sua organização.
É de extrema importância que o líder dedique tempo a desenvolver esta visão do futuro, a antecipar o passo seguinte, que caminho seguirão antecipando o mercado, o que desenvolverão após a conclusão dos projetos que têm em curso, partindo sempre de uma visão que partilha com os que envolverão o processo, pares, gestores e seus subordinados, consumidores e fornecedores.
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