Liderar é servir os outros

Liderar é servir os outros
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O processo de liderança é evolutivo e acompanha o nosso crescimento. Os diferentes estádios por que passamos determinam o tipo de pessoa que somos e, consequentemente, o tipo de líder com que nos identificamos ou que podemos vir a ser.

Nuno Periquito
 

Nem todos emergem para um patamar de liderança avançado, nem se é líder apenas num determinado contexto.

O líder que alcançou um patamar de desenvolvimento superior tende a ter comportamentos e posturas idênticas, enquanto pai, profissional, amigo. Porém, a determinado momento, e por circunstâncias externas, pode acontecer crescermos mais rápido, por exemplo, a nível profissional, tendo esta dimensão da liderança uma maior prevalência face às outras.

Todos nós já tivemos de lidar com indivíduos que, tendo ficado reféns do seu nível de desenvolvimento emocional num patamar mais básico, exercem uma forma de liderança similar a um adolescente. São pessoas motivadas apenas pelo seu próprio interesse, que dificilmente assumem a responsabilidade dos seus atos e que, para saírem vencedoras, a outra parte tem de perder. Regra geral, são chefes tóxicos, pouco colaborativos e com uma grande necessidade de afirmação perante os outros.

Por outro lado, também já trabalhámos com pessoas que, mesmo não estando em lugares de responsabilidade, revelam, pela sua ação, empatia, compromisso com os outros e responsabilidade, um nível de liderança superior.

O crescimento e a evolução para um estádio de desenvolvimento pessoal que se traduz numa liderança mais eficaz, comprometida e envolvida podem ser atingidos de diversas formas.

Quando olhamos para a realidade que nos rodeia, e de repente tudo parece mais complexo e turvo, pode não significar que o mundo mudou, mas sim que a forma como o vemos se alterou. O antigo referencial que nos guiou até esse momento passa a ser dissonante desta nova existência, e as ferramentas que antes eram eficazes agora não são as mais adequadas.

Esta nova realidade representa oportunidades de crescimento e transição. Desafiarmos o que nos define, considerarmos diferentes perspetivas e, acima de tudo, não ficarmos reféns do contexto e, partindo de uma visão interior, projetarmos os nossos valores e pensamento, são formas proactivas de evolução para um nível de liderança mais maduro.

Em qualquer dos cenários, o conhecimento pessoal é fundamental. Usando outros como parceiros do nosso próprio crescimento ou como espelhos da nossa ação, só podemos ser eficazes enquanto líderes através de uma reflexão interior, apoiada em ferramentas que nos dão perspetiva e consciência do nosso estádio de evolução e de qual o gap para chegarmos ao próximo patamar de crescimento.

Se é verdade que existem vários tipos de liderança, existem, igualmente, elementos que tendem a ser constantes.

Liderar, é acima de tudo, servir os outros – seja uma equipa, num contexto profissional, ou familiar. Implica assumir responsabilidade pelas relações, não numa perspetiva paternalista e protetora, mas desafiando e tendo um papel positivo no crescimento dos outros e na realização do seu potencial.

Como Jack Welch disse um dia: “Before you are a leader, success is all about growing yourself. When you become a leader, success is all about growing others” (“Antes de ser um líder, o sucesso tem a ver com o crescimento pessoal. Quando se torna um líder, o sucesso tem a ver com fazer os outros crescer”).

01-10-2018


NunoPeriquitoSmall2018Nuno Periquito foi head of marketing da Celfocus (empresa especializada em telecomunicações que resulta de uma joint venture entre a Novabase e a Vodafone), tem uma larga e consolidada experiência em marketing tecnológico, em contextos B2B, desenvolvida em empresas tecnológicas portuguesas mas de cariz multinacional como a Altitude Software, a WeDo Technologies, a AnubisNetworks e a Celfocus.
Formado em marketing, tem pós-graduações em Gestão de Marketing e em Prospetiva, Estratégia e Inovação pelo ISEG, bem como Comunicação Estratégica pela Universidade de Toronto.