Todas as inovações eficazes são surpreendentemente simples.
Na verdade, o maior elogio que uma inovação pode receber, é haver quem diga, ‘isto é óbvio. Porque não pensei nisso antes"?(Peter F. Drucker).
Inovação significa novidade ou renovação. A palavra é derivada do termo latino innovatio, e refere-se a uma ideia, método ou objeto que é criado e que “rompe” com os paradigmas existentes. O contexto, hoje, transporta-nos para o campo das ideias e das invenções, assim como para aquilo que, economicamente, lhe está relacionado. A inovação acaba por ser a invenção que chega ao mercado.
Inovação pode ser, também, definida como fazer mais com menos recursos, por permitir ganhos de eficiência em processos, e por potenciar e ser motor de competitividade. Neste caso, a inovação pode ser considerada um fator fundamental no crescimento económico de uma sociedade. (...)
Já tive o privilégio, nas funções que desempenho, de liderar alguns processos de inovação. Tanto ao nível da gestão de perdas de água, através da criação de uma modelação matemática monitorizadora de caudais mínimos noturnos, até à criação de duas zonas de medição e controlo equipadas com smart meters (“contadores inteligentes”); passando pelo desenvolvimento, em parceria com o LNEC, de um simulador de redes de água e saneamento, tudo tem sido desenvolvido no sentido de dar seguimento ao espírito inovador que teve início na (já) longínqua década de 90, com a instalação do primeiro sistema integrado de telegestão e monitorização remota de equipamentos e instalações. A isso, mais tarde, se vieram a associar sistemas de telequalidade (qualidade da água) e de teleleitura (leitura, à distância, por concentrador integrado, de grandes clientes).
A inovação sustentada é imprescindível para o crescimento empresarial corporativo. Geralmente, define-se a inovação como “aberta”, ou, utilizando um anglicismo, open innovation. O melhor exemplo é de todos conhecido e reside no desenvolvimento do projeto “Via Verde”, por parte da Brisa Inovação. E este processo teve uma particularidade muito interessante e que não pode estar arredada de qualquer processo de inovação que se preze, a mudança. Porque, se inovar é fazer de forma diferente, qual o grau de mudança que deve originar? Defendem os teóricos que, ao nível dos processos, tal nunca deverá significar menos de 47,5% de variação standard da performance habitual. Eu considero, ainda, que inovar não é só fazer diferente, é, também (isolada, ou cumulativamente), fazer melhor. Neste caso, eu corro o risco de poder ser considerado paternalista (ou corporativista), pois, fazer melhor, já entra no campo da competência e da produtividade.
Nesse caso e usando outro anglicismo, “I rest my case”. Mas não posso deixar de considerar que a inovação é um motor de enorme potencial no crescimento económico de qualquer sociedade, quer coletiva, quer individualmente, com particular incidência, nas empresas e nos serviços, no primeiro caso; e nas pessoas e nas famílias, no segundo caso. (…)
É impossível inovar, quando o nosso tempo é absorvido pela gestão quotidiana e, fora dela, a nossa preocupação é o que vai ser o jantar e quem é que vai buscar os miúdos à escola.Para inovar, em primeiro lugar, temos de identificar o quê, quando, como, onde e porquê. É preciso identificar um (ou vários) potencial candidato. E, a partir daí, perceber a importância das necessidades e de como criar essa necessidade ao cliente. Em segundo lugar, ter noção da criação de valor que vamos gerar. Sequencialmente, seria importante descobrir os “campeões da inovação”; formar equipas de inovação (onde a gestão da mudança fosse uma predominantes); e, por fim, alinhar a organização a este novo ciclo de produção.
A essência da inovação (não só, mas, sobretudo, a empresarial) está profundamente enraizada nos equilíbrios e nas performances económico-financeiras que urge conseguir concretizar, desde já, no seio das PMEs dos países periféricos, considerando que nós, à partida, sabemos o que andamos a fazer.Como disse Paul M. Romer, professor da Stanford University, “a inovação é, atualmente, o principal impulsionador do crescimento, da prosperidade e da qualidade de vida”. A importância, de acordo com o que vem aqui escrito, é tal, que apetece perguntar de que é que estamos à espera?
Nuno Campilho é Administrador da SMAS Oeiras e Amadora e Presidente da Junta de Freguesia de Paço de Arcos. Anteriormente foi Chefe de Gabinete do Secretário-Geral do PSD (2004-2005) e adjunto do Ministério do Ambiente (2002-2004). Campilho fez um Executive MBA na AESE Business School e possui um mestrado em ciência política pela Universidade Católica Portuguesa e uma pós-graduação em gestão de empresas pela AESE - Escola de Direção e Negócios.