Quando o mentoring faz a diferença no desenvolvimento do ecossistema regional de Portugal

Quando o mentoring faz a diferença no desenvolvimento do ecossistema regional de Portugal
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Os programas de mentoring têm um papel importante a desempenhar no contexto da inovação e do empreendedorismo, enquanto fatores de desenvolvimento regional.

As atividades de mentoring devem ser encaradas como uma componente do ecossistema de empreendedorismo, componente essa que deve ser orientada de forma a contribuir para a estratégia de desenvolvimento da região, de forma a complementar e/ou suplementar os outros instrumentos de apoio ao serviço da mesma estratégia.

Há, por isso, uma cada vez maior necessidade de existirem esquemas de apoio baseados no mentoring, tendo como fim o desenvolvimento do ecossistema regional. Mas de que forma deve ser conduzido?

O mentoring ajuda a minorar todas as barreiras que se colocam ao empreendedorismo com sucesso, nomeadamente a melhorar a qualidade das iniciativas empresariais, tornando-as mais orientadas para oportunidades validadas (e menos resultantes de necessidades de subsistência), centrando-as em ideias mais inovadoras e, sobretudo apoiando os empreendedores nas múltiplas dificuldades burocráticas, fiscais, administrativas, etc.

O mentoring apresenta-se assim como um mecanismo que aumenta a eficácia do processo empreendedor.

Embora as ideias de negócio sejam pertença dos empreendedores e não dos mentores, e possam portanto ser por isso mesmo, expressão de necessidades e não de oportunidades, através de mentoring, o processo de tentativa-erro (também conhecido por “pivoting”) pode contribuir para aproximar iniciativas de necessidade a iniciativas de oportunidade, contribuindo assim para um desejado aumento da qualidade do empreendedorismo.

A importância do mentoring enquanto mecanismo de apoio ao empreendedorismo com base na inovação, está também associada a outros instrumentos complementares de apoio.

Com efeito, existem alguns esquemas, públicos e privados, de apoio ao empreendedorismo. As iniciativas públicas podem adotar posturas regionais ou de nível nacional e com sistemas de incentivos a programas específicos. Por sua vez, várias entidades privadas, como por exemplo Fundações e Bancos, disponibilizam apoios na forma de concursos e prémios. Na perspetiva do promotor, especialmente no caso de empresas startup, os prémios podem ser mesmo muito eficazes enquanto estímulo.

Face aos apoios que podem existir, podemos constatar que não parecem, portanto, faltar apoios públicos ou privados que, com diferentes objetivos, metodologias e montantes, se disponibilizam para financiar o empreendedorismo.

O que parece faltar é esse apoio facultado vir acompanhado por um aconselhamento especializado na sua gestão, de forma a aumentar a eficácia dos apoios meramente financeiros. Ora é precisamente nesta lacuna que o Projeto Mentor – Rede de Apoio ao Empreendedorismo atua.

O Projeto MENTOR - Rede de Apoio ao Empreendedorismo, foi criado em Julho de 2012 pelo CEC/Conselho Empresarial do Centro – Câmara de Comércio e Indústria do Centro (CEC/CCIC) - líder do Projeto - e a Associação Industrial do Minho (AIM),com intervenção no Norte e Centro do país (NUT’s II).

Este projeto foi alavancado na constituição e na dinamização de uma Rede de mentores disponíveis para apoiar os jovens empreendedores no desenvolvimento dos seus negócios.

A Rede de mentores CEC e AIM é atualmente composta por 60 individualidades, empresários, consultores, gestores, académicos e outros profissionais de reconhecido mérito.

A importância do Projeto Mentor pode ser enfatizada enquanto mecanismo de apoio ao empreendedorismo, que é complementar aos esquemas de financiamento públicos e privados já existentes, tendo em vista aumentar a sua eficácia.

Em termos de contribuição para o sistema de interações, em que os mentores são personalidades da região em que vão prestar mentoria, este projeto contribui para o fortalecimento das ligações regionais.

Com efeito, o mentor coloca à disposição do mentorado a sua experiência profissional e pessoal , a sua ação leva a um aumento das interações nas empresas mentoradas. O mentor contribui também para uma certa “legitimação” dos processos de empreendedorismo regionais, i.e. a sua ação pode aumentar a aceitação social a falhas do empreendedor.

Neste caso, os mentorados dispõem ainda de uma rede de Incubação (RIERC – Rede de Incubadoras de Empresas da Região Centro), promovida pela CEC/CCIC, com o intuito de apoiar todos aqueles que pretendam desenvolver iniciativas empreendedoras com Business Angels. Desta forma, fomentam-se os mecanismos regionais de suporte a investimentos em oportunidades de negócios nascentes, nomeadamente em start-up ou early stage, numa capacidade de investimento adicional.

Estamos convictos de que desta forma, estamos a contribuir para a retenção, na região, de talentos em empreendedorismo (empreendedores e mentores), a valorizar as iniciativas e as experiências existentes na região, a aumentar a probabilidade de sobrevivência das empresas alvo de mentoring e ainda, a contribuir para uma melhoria dos resultados económicos e sociais da região.


Jose-Couto-Mentor-CamaraJosé Manuel da Silva Couto nasceu em 1959, em Viseu. Licenciado em Economia, pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, possui uma Pós-graduação em Marketing, pela Universidade Católica Portuguesa, e um MBA em Gestão pelo INDEG / ISCTE. Administrador e gestor em diversas empresas, foi presidente da Direção do Conselho Empresarial do Centro / Câmara de Comércio e Indústria do Centro, e vogal na Direção da CIP (CEP – Conselho Empresarial de Portugal).