Robert Sher abordou o assunto na Forbes e apresenta quatro considerações cuja reflexão individual é fundamental aos CEO que estão a pensar em demitir-se.
Sher refere que “Depois de anos de críticas aos produtos da Microsoft (desde que se tornou CEO em 2000), Steve Ballmer anunciou que se ia demitir. Sem dúvida que muitos CEO de empresas cotadas (especialmente aquelas que estão a ser atacadas pelos investidores) se perguntam quando é altura certa para deixarem o cargo. No entanto, os CEO de empresas de média dimensão, especialmente aquelas que pertencem a empresas privadas, não sentem essa pressão de demissão que Ballmer tem sentido dos jornalistas e analistas de mercado”.
Para este, “Ainda assim, os CEO de empresas médias também precisam de compreender os sinais que sugerem que a empresa seria melhor gerida por outra pessoa. Na verdade, muitos dos CEO de empresas médias minhas clientes, comentam abertamente sobre se é altura para se demitirem. Alguns pensam que devem vender as empresas. Outros que devem ocupar-se do conselho e trazer um CEO profissional para gerir as operações diárias”.
“Determinar se se deve ficar ou sair é uma decisão importante para os CEO de empresas médias, uma vez que essas empresas podem ser do próprio CEO”, relembra Sher. “A sua decisão pode afetar a empresa e a sua segurança financeira. Um CEO que não está a fazer um bom trabalho, está geralmente a destruir os seus ativos e os ativos dos outros.
Quando empresas de média dimensão encontram obstáculos, é natural que um bom e consciente CEO pense que ele é o problema. Poucos CEO são perfeitos. Alguns deixam de estar envolvidos na empresa. Outros trabalham como escravos, mas não veem nenhuma mudança positiva na empresa. A maior parte das vezes, o CEO continua com a sua estratégia e passa a ter como esperança que as coisas melhorem e que fiquem mais fáceis. Nesses casos, geralmente a empresa tem um desempenho fraco e os resultados são cada vez piores”.
Os CEO que estão a pensar em demitir-se devem, segundo Sher, pensar sobre estas quatro considerações-chave que apresenta:
- Tem entusiasmo e energia para escalar a próxima montanha? Está empenhado de coração e alma? Tem a certeza que irá acabar o que começou? Steve Ballmer contemplou as mudanças drásticas que a Microsoft teria que fazer e referiu que sentia que alguém devia liderar a empresa de início ao fim. Liderar uma empresa requer muita energia para a guiar em tempos difíceis e através de grandes desafios. Demora sempre mais do que o planeado. Se estiver cansado e sofrer de desgaste, esteja atento. Pode ser altura de passar o bastão. Fazê-lo apenas por dever não é suficiente. Talvez tivesse mais energia a liderar uma empresa numa indústria diferente ou a liderar uma organização de caridade. Existem muitos desafios na vida para além de liderar uma empresa. Leia este case study sobre a saga de sucessão de um CEO.
- OK, tem a energia e a paixão para liderar a empresa pelo próximo capítulo. Mas está ciente das competências do CEO e do nível de esforço que é necessário? Tem o que é preciso e um plano específico de como aprender o que lhe falta? Estou a ler o livro “What Got You Here Won’t Get You There” de Marshall Goldman e este livro lembra-me que as competências e os comportamentos de um líder alteram-se à medida que uma empresa cresce. Muitos empresários que têm negócios de 50 milhões de dólares não irão gostar dos papéis e das responsabilidades de um CEO com um negócio de 250 milhões de dólares. Passe algum tempo com CEO de empresas maiores. Leia este case study sobre Dan Warmenhoven, ex-CEO da NetApps, e conheça a sua abordagem ao papel de CEO numa grande empresa. Descubra o que falta e comece a trabalhar nisso. Ou descubra um CEO que é excelente para o substituir e crie outra empresa que capitalize as suas forças.
- Tem sido bem-sucedido ultimamente? Tem conseguido alcançar os seus objetivos? Se a resposta a estas questões é “não”, então é possível que não tenha o que é necessário para ser bem-sucedido na sua atual empresa. Se deu tudo por tudo e os resultados não são os que esperava, talvez seja você o problema. Em grandes empresas, com investidores externos e com um conselho forte, é nesta altura que os CEO normalmente são despedidos. Se é o dono da empresa e se é você o problema, então logicamente devia-se despedir e contratar um melhor. Claro que existe a possibilidade de estar a fazer um trabalho incrível numa situação difícil e que sem os seus esforços a empresa estivesse bem pior. Portanto olhe para os seus concorrentes. Se estiver a fazer melhor do que muitos, então bom trabalho. Se está a ficar para trás, um novo CEO poderá ser melhor que você. Perdoem a expressão, mas sentir-se preso ao liderar uma empresa com dificuldades é um castigo. Ande para a frente!
- As suas aspirações como líder continuam alinhadas com o destino da empresa? A maioria das empresas tem as suas limitações. Só podem crescer até certo ponto. Algumas têm limitações quanto ao lucro que poderão alguma vez fazer. Outras estão em indústrias consolidadas, onde as margens ficam mais estreitas a cada ano que passa e o lucro move-se em direção ao zero. Algumas estão em setores de grande crescimento onde o céu é o limite. Os CEO que sonham em ser magnatas estarão sempre frustrados num negócio que não tem resultados. Os CEO que querem um estilo de vida de empresa com crescimento constante, mas que se encontram a meio de uma mudança de indústria disruptiva, ficarão igualmente desapontados. Se as suas aspirações não correspondem ao destino da empresa, traga um CEO que seja melhor do que você para essas condições (ou então venda a sua empresa).
"Se leu estas quatro considerações e respondeu muitas vezes “não”, então pode não ser o melhor CEO para a empresa que está a liderar", refere Sher. "Mas antes de procurar um novo CEO, considere que talvez esteja em modo de desgaste e que para liderar uma empresa sem infraestrutura de liderança, tem que conseguir melhores resultados com menos esforço”.
Sher, relembrando um dos seus clientes que estava à beira do precipício e mal podia esperar para sair do lugar de CEO, refere que este, “ à medida que envolvemos a sua equipa de liderança, estabelecemos processos de planeamento, processos de comunicação, e demos formação em como podia interagir de novas formas com a equipa e a empresa, os resultados começaram a melhorar. E tornou-se divertido para ele. Seis meses mais tarde reportou que nunca tinha estado tão envolvido com a empresa como estava agora. Muitas das respostas às quatro considerações acima transformaram-se num “sim”.”
“As empresas requerem líderes ativos e apaixonados, que têm o que é necessário para vencer”, refere Sher. “Se não tem a certeza de ser essa pessoa, não fique parado. Pense profundamente e depois aja, antes que o desempenho da empresa comece a diminuir e que as circunstâncias fiquem sem controlo.”
Fonte: Forbes
Robert Sher é fundador e líder da CEO to CEO e colunista da Forbes e da CFO Magazine. É autor do livro "The Feel of the Deal”.