Hoje o assunto vai ser um pouco diferente do habitual: com a chegada das férias as nossas preocupações mudam. E as opções também. Mas há duas formas distintas de encarar as férias, consoante a personalidade de cada um: você é dos que desliga de tudo quando chegam as férias? Ou é dos que olham para as férias como um mal necessário e lida mal com a ausência da pressão diária do trabalho?
Ambas as opções podem fazer sentido na sua vida. Há pessoas que, mesmo grudadas ao PC e à Internet conseguem descansar apenas porque mudam de rotina. E há aquelas que só descansam desligando-se de tudo o que se relaciona com trabalho.
O artigo de hoje destina-se aos primeiros. Porque, se não há mal em manterem-se ligados ao “mundo”, há duas coisas que não devem deixar de fazer:
1 – Perceber que, mesmo optando por estar ligado ao “mundo”, precisa de mudar alguma coisa na sua rotina. Não faz sentido, por exemplo, ficar no hotel agarrado ao PC, mandando o resto da família para a praia. Ou passar o jantar “checando” o smartphone, para responder às mensagens que vai recebendo. A menos que queira passar maus exemplos aos filhos… ou arranjar um conflito conjugal.
2 - Aproveitar as férias para um “check-up” ao que fez nos 12 meses anteriores. Para perceber o que correu bem e o que tem de fazer para corrigir o que correu mal. É uma reflexão estratégica. Não tente fazer essa reflexão toda num dia: reserve meia hora diária para ir examinando os diversos aspectos da sua vida profissional nos doze meses anteriores e guarde os últimos três dias para traçar um plano para o ano seguinte.
De seguida encontrará um conjunto de dez simples perguntas que lhe permitirão fazer esse “check-up”. Este questionário não é, obviamente, exaustivo. Você poderá juntar-lhe as questões que quiser. Mas não exagere: bastam dez ou 15 perguntas para ter as respostas de que precisa.
- Quais os desafios que a empresa/organização que lidera enfrentava há um ano e quais os que enfrenta agora? São os mesmos?
- Quais as decisões mais importantes que tomou nos últimos doze meses?
- Essas decisões produziram os efeitos desejados?
- Em caso de falha, por que isso aconteceu? Envolveu as pessoas certas nas decisões? Os processos foram os mais correctos?
- A empresa/organização criou valor nos últimos 12 meses?
- Como pensa mudar o que não correu bem no ano anterior?
- Como se portou a sua concorrência e como é que você se compara com ela?
- Onde quer que esteja a empresa daqui por um ano?
- Tem um plano para lá chegar?
-
Como vai “vender” esse plano aos accionistas e à sua equipa
Não se esqueça que, como Líder, você precisa de fazer um constante “refresh” da empresa e dos seus objectivos. O mesmo é dizer que precisa de manter os colaboradores motivados. Ora, se voltar de férias e eles perceberem que não há nada de novo para o ano seguinte, o desejo de mudança será substituído pela complacência. E a complacência é a melhor maneira de destruir valor numa empresa. Agora boa sorte!
Camilo Lourenço é licenciado em Direito Económico pela Universidade de Lisboa. Passou ainda pela Universidade de Columbia, em Nova Iorque e University of Michigan, onde fez uma especialização em jornalismo financeiro. Passou também pela Universidade Católica Portuguesa. Entre a sua experiência profissional encontramos redator principal do “Semanário Económico” (desde 1988); coordenador da secção Nacional do “Diário Económico” (de que foi um dos fundadores) desde 1990. Diretor adjunto da revista “Valor”, que ajudou a fundar (1992). Diretor da mesma revista (1993), onde se manteve até 1995. Editor de Economia da Rádio Comercial, de 1992 a 1997. Diretor editorial das revistas masculinas da Editora Abril/Controjornal: “Exame” (revista que também dirigiu); “Executive Digest”, entre outras. Comentador de assuntos económicos da Rádio Capital, de 2000 a 2005. Diretor da revista “Maisvalia” (de 2003 a 2005). Comentador da RTP e RTP Informação, onde passou também a apresentar o programa “A Cor do Dinheiro” (desde 2007). Colunista do “Jornal de Negócios (desde 2007); comentador de assuntos económicos da Media Capital Rádios (desde 2010). Numa das rádios do grupo, a M80, apresenta dois programas: “Moneybox” e “A Cor do Dinheiro”. Comentador de assuntos económicos da televisão generalista TVI, onde apresenta “Contas na TV”. A par destas funções, Camilo Lourenço é docente universitário. Lecionou na Universidade de Lisboa, na Universidade Lusíada e no Instituto Superior de Comunicação Empresarial. Por outro lado leciona pós-graduações e MBA. Em 2010, por solicitação de várias entidades (portuguesas e multinacionais), começou a fazer palestras de formação, dirigidas aos quadros médios e superiores, em áreas como Liderança, Marketing e Gestão. Em 2007 estreou-se na escrita, sendo o seu livro mais recente “Saiam da Frente!”, sobre os protagonistas das três bancarrotas sofridas por Portugal que continuam no poder.