Imagine um profissional que, devido ao perfecionismo, não tem confiança, não age rápido o suficiente ou não participa em experiências novas e interessantes. Como pode ser eficaz a longo prazo? O primeiro passo? Começar a aceitar a imperfeição como parte da sua progressão.
Sarah Kauss
Sou perfecionista. Consigo improvisar com maestria em apresentações ou preparar o ambiente em sala/numa reunião até que fique na perfeição para o pretendido. Mas ao longo dos últimos anos tenho vindo a aprender que ser perfecionista é basicamente um hábito – um mau hábito que consome o meu dia e me massacra de maneiras que por vezes nem consigo reconhecer. Esta não é uma questão fácil de admitir – costumava ter orgulho em ser perfecionista. Sempre me ensinaram a esforçar-me para me apresentar no meu melhor e a ser o meu melhor. Mas com o passar do tempo aprendi como pode ser extenuante tentar atingir a perfeição em tudo.
Recentemente, estava previsto eu participar num excelente jantar de negócios. Estava animada e queria mesmo ir, mas o dia foi super agitado e nem sequer tive tempo de mudar de roupa para o evento, onde iriam estar grandes designers, CEO de empresas, e até um vencedor de um Pulitzer. Imaginei que quem vai a um jantar deste género gostaria de ter tempo para mudar para algo mais adequado, possivelmente ir ao cabeleireiro/manicura, ou fazer algo antes de ir que faça sentir mais composto e descansado (que era a minha ideia desde o início). Mas quando o lembrete do calendário surgiu no ecrã eu ainda estava em frente à secretária, na minha roupa de trabalho, e sem uma nova camada de verniz nas minhas unhas. Naquele momento, a perfecionista que há em mim quase me convenceu a ignorar a ocasião. O erro que eu teria cometido... Não só fui como acabei por me se sentir confortável exatamente como estava, e o jantar proporcionou-me uma experiência única que não teria trocado por nada.
O perfecionismo manifesta-se de forma diferente de pessoa para pessoa, mas, para mim, as dificuldades são reais. Faz parte de quem eu sou, e, embora existam aspetos positivos, reconheço que causa grandes limitações. Pode impedir que eu (e quem é como eu) me mexa rápido o suficiente, e sem a dose certa de confiança; já para não mencionar que pode impedir-nos de realizar os nossos sonhos, de alcançarmos os nossos objetivos, ou de embarcar em experiências verdadeiramente transformadoras. Imagine um líder de negócio que não tem confiança, não age com a rapidez necessária, ou não participa em experiências novas e interessantes. Como pode este líder ser realmente eficaz a longo prazo?
Desde que fundei a minha empresa que tive um despertar para a imperfeição. Embora dê por mim a tentar atingir a perfeição duas ou três vezes por semana, consigo realizar mais coisas (e sentir-me mais completa) quando coloco o perfecionismo de lado.
O perfecionismo vai correr sempre nas minhas veias, mas agora estou ciente de como este comportamento pode afetar o negócio que criei, as pessoas que contratei, os colaboradores que formei e fiz coaching, e as oportunidades pessoais que surgem no meu caminho. Ter esta consciência permitiu-me compreender quando e como devo deixar as coisas seguirem o seu curso.
A batalha pode nunca acabar. Mas é uma luta que estou disposta a enfrentar, se significar que estou mais capacitada (ou a capacitar outros) e que estou a atingir o que estabeleci alcançar.
Assim, se é perfecionista, aceitar a imperfeição é uma jogada ousada, mas pode bem ser uma das coisas mais corajosas que alguma vez fará.
28-01-2019
Fonte: Fortune
Sarah Kauss, fundadora e CEO da americana S’well Bottle, iniciou a carreira como consultora na Ernst & Young (tendo trabalhado com empresas tecnológicas, dotcoms, start-ups), em seguida passou por uma carreira internacional no imobiliário, até fundar a empresa de garrafas de água reutilizáveis com sede em Manhattan, nos EUA.