Muito se tem falado sobre o carisma. Se alguns não concordam com o termo, parece haver consenso geral quanto a alguns líderes fazerem os outros sentirem-se importantes e especiais. Quando estes entram numa sala parece que a iluminam. Nelson Mandela é um dos líderes que tem vindo a ser referido desta forma.
Estes líderes criam e mantêm grandes relacionamentos, influenciam consistentemente as pessoas à sua volta e fazem-nas sentirem-se bem com elas próprias. São o tipo de pessoa com quem todos se querem dar e que todos querem ser.
Será esta capacidade natural ou algo que se pode desenvolver?
“O carisma não é algo que se tem. É algo que se ganha”, diz-nos Jeff Haden.
Segundo este, “algumas pessoas são naturalmente carismáticas. Infelizmente, o carisma natural perde impacto rapidamente. A familiaridade gera familiaridade”.
Haden refere que esta capacidade pode ser desenvolvida, “porque ser muito carismático não depende do nosso nível de sucesso, das nossas competências de apresentação, da forma como nos vestimos ou da imagem que projetamos. Depende sim daquilo que fazemos”.
Haden apresentou no Inc o que, na sua opinião, são os 10 hábitos que fazem das pessoas extraordinariamente carismáticas:
1. Ouvem mais do que falam.
“Faça perguntas. Mantenho o contacto visual. Sorria. Faça má cara. Acene. Responda, mas não de forma verbal. Utilize a forma não-verbal.
Basta isso para mostrar à outra pessoa que ela é importante.
Quando falar, não ofereça conselhos a não ser que lhe peçam. Ouvir mostra que se preocupa muito mais do que dar conselhos. Em muitos casos, quando oferece conselhos, a conversa torna-se relacionada consigo em vez de com as outras pessoas.
Não acredita em mim? O “isto é o que eu faria” é sobre quem, você ou a outra pessoa?
Fale apenas quando tem algo importante a dizer e defina sempre o que é importante baseado na outra pessoa e não em si.”
2. Não têm audição seletiva.
"Algumas pessoas (garanto que já conheceu pessoas assim) são incapazes de ouvir as coisas de pessoas que consideram ser inferiores. Claro que fala com elas, mas não vale de nada porque não está realmente a ouvir.
As pessoas extraordinariamente carismáticas ouvem todos com atenção e fazem-nos sentir que têm algo em comum com eles, independentemente da posição ou do nível de status social.
Porque o fazemos: todos somos pessoas."
3. Colocam as suas coisas de parte.
"Não olham para o telemovel. Não olham para o monitor. Não se focam em mais nada, nem por um segundo.
Nunca se poderá ligar aos outros, se estiver demasiado ocupado a reparar nas suas coisas.
Dê-lhes a sua atenção. Essa é uma dádiva que poucas pessoas dão. Essa oferta fará com que os outros queiram estar à sua volta e que se lembrem de si."
4. Dão antes de receber e, geralmente, nem recebem.
"Nunca pense naquilo que pode obter. Foque-se naquilo que pode dar. Dar é a única forma de estabelecer uma ligação verdadeira e criar um relacionamento.
Foque-se, nem que seja por um momento, no que pode obter dessa pessoa e estará a mostre a essa pessoa que a única coisa que importa é você."
5. Não se acham importantes…
"As únicas pessoas que estarão impressionadas com o facto de se achar importante serão outras pessoas que se acham importantes. O resto não estará impressionado. Estará irritado e desconfortável. E odiamos quando esse tipo de pessoas entra na sala."
6. …Porque veem que as outras pessoas são importantes
Já sabe aquilo que sabe. Sabe quais são as suas opiniões, as suas perspetivas e os seus pontos de vista.
Essas coisas não são importantes porque já são suas. Não pode aprender nada consigo próprio. Mas não sabe o que as outras pessoas sabem e todos, não importa quem são, sabem coisas que você não sabe.
Isso faz deles pessoas mais importantes do que você porque pode aprender com elas.
7. Colocam o foco noutras pessoas.
"Ninguém recebe os elogios suficientes. Ninguém. Diga às pessoas o que elas fizerem bem.
Não sabe o que elas fizerem bem? Devia ter vergonha. É seu dever saber. É seu dever descobrir com antecedência.
Não só apreciarão o seu elogio, como também apreciarão o facto de que teve tempo para prestar atenção àquilo que fazem.
Irão sentir-se mais realizadas e mais importantes."
8. Escolhem as suas palavras.
"As palavras que utiliza têm impacto nas atitudes dos outros.
Por exemplo, não tem que ir a uma reunião; tem a oportunidade para conhecer pessoas novas. Não tem que criar uma apresentação para um novo cliente; pode partilhar coisas interessantes com outras pessoas. Não tem que ir ao ginásio; tem a oportunidade de exercitar e melhorar a sua saúde e o seu físico.
Não tem que fazer entrevistas a candidatos; tem a oportunidade de selecionar uma pessoa ótima para se juntar à sua equipa.
Todos queremos estar associados a pessoas alegres, entusiastas e realizadas. As palavras que escolher podem ajudar as outras pessoas a sentirem-se bem com elas mesmas e também a fazê-lo sentir-se melhor consigo."
9. Não falam sobre os fracassos dos outros...
"Todos gostamos de ouvir mexericos. Todos gostamos de ouvir boatos.
O problema é que não gostamos nem respeitamos as pessoas de quem falamos.
Não se ria das outras pessoas, porque quando o fizer, as pessoas à sua volta irão pensar que também se ri delas."
10. ...Mas admitem os seus fracassos.
"As pessoas incrivelmente bem-sucedidas são geralmente catalogadas como tendo carisma só porque são bem-sucedidas. O seu sucesso parece criar o efeito de auréola, como se fosse um brilho.
A palavra-chave é “parece”.
Não tem que ser incrivelmente bem-sucedido para ser extraordinariamente carismático. Apague o brilho e muitas das pessoas bem-sucedidas não têm carisma nenhum.
Mas tem que se ser incrivelmente genuíno para se ser extraordinariamente carismático.
Seja humilde. Partilhe as suas falhas. Admita os seus erros. Seja a história da advertência. E ria-se de si. Embora não deva rir-se das outras pessoas, deve sempre rir-se de si.
As pessoas não se irão rir de si, mas irão rir-se consigo. Irão gostar mais de si por isso e quererão estar perto de si com mais frequência."
Fonte: Inc
Jeff Haden é autor-fantasma dos livros de alguns dos líderes mais conceituados no mundo empresarial global. Esteve ligado durante muitos anos à indústria, onde aprender muito do que sabe sobre negócios e tecnologia, tendo sido diretor na Von Hoffmann Graphics. Escreve habitualmente no Inc.com e no CBS MoneyWatch.com.