A Liderança que Todos Precisamos

A Liderança que Todos Precisamos
4 minutos de leitura

Hoje, mais do que nunca, Portugal precisa de liderança e de líderes eficazes. Por isso, a pedagogia da liderança é também hoje mais importante do que nunca.

A melhor forma de o fazer é destacar líderes reais do nosso tempo que inspiram a sociedade. Ao fazê-lo, estamos a mostrar que é possível triunfar em condições adversas. Que é possível ir mais longe. Que os obstáculos que julgamos inultrapassáveis, podem ser superados. Que a liderança é fundamental para essa superação. Que o seu exercício está ao alcance de todos os que abraçam os seus princípios fundamentais.

Mas que tipo de liderança precisamos?

A crise que atravessamos tem acentuado, na opinião publicada e no discurso social, o que se poderia arrumar em dois tipos de posturas subentendidas sobre liderança.

O “politicamente correto” procura “líderes perfeitos” que nos devem garantir uma vida de facilidade e sem sobressaltos. Esta postura alimenta-se da crítica a um mito que ela própria cria. Como no mundo real ninguém é perfeito, esta postura politicamente correta da liderança é uma batota perfeita, pois cria uma ilusão irreal, fácil de destruir. Alimenta-se da procura de falhas naqueles que se destacam por algum motivo e que inflamem a indignação. Esta postura propicia o status quo. “Se os líderes nos falham, porque havemos nós de nos esforçar, mudar e superar?”. É um exercício de tiro ao alvo inconsequente em termos dos resultados, e desmobilizador em termos da força anímica de todos. É fácil projetar onde é que esta postura nos leva: de razão em razão, ao falhanço coletivo final.

Por outro lado, o “politicamente maduro” procura “líderes eficazes e autênticos”. Pessoas de carne e osso, que superam as suas limitações com o apoio, envolvimento e implicação das equipas que formam e lideram. A liderança é vista realisticamente, não como um estado de perfeição e superioridade, sem falhas e inatacável, mas como uma capacidade de agregar vontades, recursos e competências, de atrair, inspirar e motivar os outros para um caminho partilhado e distintivo, em prol de uma visão inspiradora e de objetivos concretos. Nesta postura sobre a liderança, o líder é reconhecido pelas suas qualidades, na exata medida em que estas permitem atingir objetivos coletivos e mobilizar as pessoas para as mudanças necessárias para os atingir. Esta postura leva-nos, de esforço em esforço, de superação em superação, ao sucesso coletivo final para o presente e para as futuras gerações.

liderperfeitoAos líderes perfeitos, cobramos. Aos líderes autênticos, apoiamos, porque somos parte integrante do sucesso coletivo dessa liderança. É esta postura sobre a “liderança eficaz e autêntica” que devemos promover, sabendo que, em situações e em tempos diferentes, por vezes somos líderes e por vezes somos seguidores.Para este efeito, é de fundamental importância saber identificar e enaltecer os casos reais de pessoas que se destacaram neste exercício coletivo que é a liderança, que a todos nos enobrece, líderes e seguidores. Reconhecer, aprender e procurar inspiração naqueles que se destacam na liderança é um ato de grandeza e generosidade, mas também um ato inteligente de interesse próprio, em prol de um futuro melhor. Felizmente, contrariamente ao que muitas vezes se propaga, temos muitos e bons exemplos de liderança no nosso país que nos podem inspirar a todos para um futuro melhor.


CarlosOliveiraCarlos Oliveira é Presidente do Conselho de Administração e fundador da Leadership Business Consulting. Com mais de 15 anos de trabalho em consultoria de gestão e de Alta Direção, passou anteriormente pelas empresas multinacionais Andersen Consulting, hoje Accenture, e pela DHV Consultants. Coordenador da Sociedade da Informação e Governação Eletrónica na UMIC, Presidência de Conselho de Ministros, durante dois anos, onde montou a UMIC, definiu os planos de ação nacionais para a Sociedade da Informação e Governação eletrónica e do Programa Nacional das Compras Eletrónicas. Exerceu em 1991 funções de Deputado à Assembleia da República pelo círculo eleitoral Fora da Europa e Membro das Comissões Parlamentares de Economia, Finanças e Plano Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades Portuguesas. É vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Sul Africana (CCILSA).