Caraterísticas do sucesso de Silicon Valley

Caraterísticas do sucesso de Silicon Valley
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Uma forma de compreender um lugar é através das pessoas que lá conhece, do que estas acreditam, do que criam e de como trabalham.

Jim Pulcrano, diretor executivo do IMD e dinamizador da Silicon Valley Discovery Expedition de 2012, falou sobre o ambiente que se vive em Silicon Valley e do que este propicia aos líderes e empresas que venham fazer uma experiência neste ambiente.

Existem programas específicos para líderes, empresas e startups, como o Global Strategic Innovation (GSI) que se dedicam ao desenvolvimento do empreendedorismo, da inovação, da internacionalização e da exportação, e que possibilitam esta interação com os empreendedores de Silicon Valley.

Guerrino-de-Luca-LogitechPulcrano começa por apresentar Guerrino de Luca, um antigo génio de marketing da Apple e agora CEO e presidente da Logitech, a conhecida empresa de ratos e periféricos de computador, que agora se está a expandir para os tablets e vídeo. “Embora tenha as suas raízes na Suíça, a Logitech é um produto de Silicon Valley, e vemos em exposição a abertura e a atitude de não ao disparate da região. A empresa não tem estado muito bem recentemente e Guerrino deu-nos uma rápida avaliação dos erros que ele e a empresa tinham feito e o que estavam a fazer para recuperar. Não guardam nada. Silicon Valley é um lugar baseado em meritocracia e a visita à Logitech e a conversa sincera com Guerrino são uma lembrança perfeita disso mesmo.”

Muitos vêm até à Bay Area para ver, sentir e contactar com os empresários, diz Pulcrano.

Mas quais são as características essenciais destes empresários de sucesso e como é que eles são?

David-Lazovsky-IntermolecularPara Pulcrano, “muitos são como David Lazovsky, o fundador e CEO da Intermolecular. Depois de nove anos numa grande empresa, viu muito acontecer na indústria de semicondutores e, como a sua empresa não estava da resposta perante a oportunidade, decidiu fazer algo. Considerou aquilo que tinha e o que sabia e começou a fazer networking com pessoas inteligentes. Ele só tinha uma ideia. Não tinha uma tecnologia ou sequer um plano de negócios. No entanto encontrou as pessoas certas, incluindo um bom investidor de capital de risco, para fazer uma grande equipa e para descobrir como poderiam mudar o mundo. Sete anos depois, antes de fazer 40, Dave tornou a Intermolecular pública e estava a caminho de se tornar numa empresa com biliões de dólares em receitas.”

“Alguns dos empresários são como Paul Towhey”, diz Pulcrano. “Com 33 anos, dois cinturões negros e sendo um cromo de computadores da Stanford e da Berkeley, desistiu do seu doutoramento para trabalhar na Palantir em “grandes volumes de dados”. Depois tentou a sua sorte sozinho com o seu cofundador, Corey Reese, que conheceu num evento de hacking. Juntos criaram a Ness, um motor de busca personalizado para encontrar bons restaurantes. A Ness fica a conhecer os gostos de cada internauta e qualquer dia a Google ou a Yahoo irão comprá-la ou preocupar-se com ela.”

alex-rampell-trialpay“Alex Rampell, cofundador e CEO da TrialPay, é também um grande empresário, ainda que por acidente. Tornou-se num empresário porque só tinha feito isso na vida. Quando era jovem criou um programa de software e publicou-o online quando a internet estava apenas a começar, pedindo aos utilizadores para enviarem 5 dólares se o utilizassem. O escritório da sua escola foi inundado com envelopes com cheques de 5 dólares. Criar produtos e uma empresa é algo natural para ele. Uma coisa levou à outra e hoje gere uma empresa que recebeu até agora 75 milhões de dólares em investimentos e que tem 100 milhões de utilizadores em 180 países. O Alex encontrou um nicho que paga, um que muitos de nós nem sequer pensámos antes: colocar anúncios online em locais inusuais mas com muita gente, como pagamento de contas. Hoje em dia tem 2000 anunciantes a utilizar a sua tecnologia, partilha Pulcrano.”

“Hilary Barroga, a diretora do programa na EHC Lifebuilders, é um grande exemplo de uma empresária de Silicon Valley. Está a ajudar a gerir um abrigo para os sem-abrigo no condado de Santa Clara. Embora pudesse ter um emprego onde quisesse, está a utilizar a sua educação e os seus talentos para fazer a diferença para aqueles que caíram na desgraça numa das regiões mais ricas do mundo e está a fazê-lo com um orçamento bastante reduzido, como se fosse uma fundadora de uma startup.” 

Pulcrano desenvolve ainda mais dois tópicos do tecido de Silicon Valley: a inovação e a motivação de pessoal.

IDEO“Se fizer com que um grupo de pessoas fale em inovação eventualmente alguém irá mencionar a IDEO, a empresa de design industrial de produtos sediada em Palo Alto”, diz Pulcrano. “Dave Blakely e Bruce MacGregor encarnam o desejo interminável da empresa para encontrar melhores formas de fazer as coisas. Para fazer as perguntas certas, juntar a melhor equipa, fazer brainstorming, protótipos e testá-los até ter uma solução incrível. Se passar tempo com o pessoal do IDEO vai querer inovar e estará insatisfeito com o status quo.”

“Algumas pessoas argumentam que é o apenas dinheiro que motiva as pessoas no Valley”, diz Pulcrano. “Talvez. Outros dirão que é a oportunidade para trabalhar com o melhor da tecnologia. Possivelmente. Mas Debra Engel e o seu grupo de HR Divas foram capazes de trazer mais substância a esta discussão. As Divas não é uma startup. São simplesmente um grupo de indivíduos com experiência que já ajudaram muitas empresas a mudar o mundo. Embora seja uma profissional dos Recursos Humanos, a Debra e as suas amigas fazem lembrar os empresários que conhecemos: inteligentes, com muitos contactos, acessíveis, honestas e com muita experiência. A sua receita para motivar pessoas? Contrate os melhores e eles atrairão os melhores. Contrate pessoas de topo e elas irão atrair outras pessoas de topo. (Ou contrate medianos e deixe-os atrair medíocres, mas não assuma que vai mudar o mundo).”

Pulcrano convida-o a que “passe uma semana no Valley com um grupo de participantes curiosos e irá descobrir centenas de histórias de pessoas como estas”. “São estas pessoas muito diferentes de nós? Nem por isso. Muitos de nós temos a educação, a experiência, a amplitude e a acuidade intelectual necessárias para criar e manter uma empresa. Mas muitos de nós estamos confortáveis com os nossos empregos atuais e com a inércia nas nossas vidas. E talvez por uma boa razão, pois os empresários tomam riscos enormes quando fazem esse salto, sem a rede de segurança que um emprego normalmente tem. No entanto, todos podíamos fazer isto se quiséssemos ou se fosse preciso”, diz Pulcrano.

Fonte: IMD


Jim-Pulcrano-IMDJim Pulcrano é diretor executivo do IMD e membro da equipa de professores do Executive MBA do IMD. É doutorado em networking empresarial.