A Inteligência Emocional e o Foco no equilíbrio entre a Razão e a Emoção na liderança

A Inteligência Emocional e o Foco no equilíbrio entre a Razão e a Emoção na liderança
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Se é daquelas pessoas que têm a sensação de que o seu dia não chega, que tem dezenas, às vezes centenas, de e-mails por responder, que sente que a sua mente está constantemente a divagar para longe, em vez de focado nas suas tarefas, e que, no final dia, não executou o que tinha previsto... Não se preocupe, existe solução!

No seu livro mais recente Foco, Goleman transporta-nos para mais uma viagem de auto conhecimento, fazendo-nos refletir sobre a capacidade que possuímos de seguir as nossas intuições mais ocultas, explorando a inteligência emocional em prol da excelência da nossa ação.

Outros autores como Mayer e Salovey, definem a inteligência emocional como a capacidade de perceber e exprimir a emoção, assimilá-la ao pensamento, compreender e raciocinar com ela, e saber regulá-la em si próprio e nos outros.

É certo que vivemos numa sociedade que nos balança entre a razão e a emoção, sendo que a necessidade de estarmos focados é o ingrediente chave para alcançarmos esse equilíbrio. Se este assunto o interessa, convido-o a conhecer-se um pouco mais e aproveitar ambas, razão e emoção, em toda a sua plenitude.

A emoção é, pois, uma espécie de combustível para o cérebro, que permite raciocínios mais elevados de ação. Por outro lado, a razão abastece-se nessa capacidade da mente humana de tirar conclusões a partir de suposições. Quantas mais forem as suposições, menos espaço haverá para as emoções.

Mas porque é importante estarmos focados na inteligência emocional?

Um dos estudos mais famosos, realizado por Walter Mischel na década 70 na Universidade de Stanford, o “teste de marshmallow”, convidava miúdos de 4 anos a entrarem numa sala de brincar e a escolherem um marsmallow. Depois, diziam a cada um que, se quisesse, podia comer o seu doce, mas, se não o comesse até o adulto voltar, que tinha ido fazer um recado, lhe dariam outro.

A realidade é que as crianças não tinham distrações e tinham de esperar 15 minutos sem o saberem. Como tal, 1/3 destas cedeu logo à tentação, 1/3 ficou mais ou menos pelo meio do tempo e 1/3 esperou os intermináveis 15 minutos e recebeu o seu prémio.

O resultado do estudo foi bastante interessante, uma vez que o grupo que resistiu à tentação, demonstrou que, ao longo da sua vida, obteve pontuações mais elevadas no governo executivo, em particular na relocalização da atenção.

E qual foi o segredo?

O segredo destas crianças foi não olharem insistentemente para o marsmallow, pois os que o fizeram durante algum tempo, comeram-no. Utilizaram sim diferentes estratégias, como brincar, cantar, tampar os olhos, focando-se na distração com muita força de vontade.

Foram identificados no estudo três subespécies de atenção:
  • A capacidade de desligar voluntariamente o foco de um objeto de desejo;
  • Resistir à tentação e manter o foco na distração, em vez de no apetitoso marshmallow;
  • Manter o foco num objetivo futuro, o 2º marshmallow.

Este domínio cognitivo do impulso torna-se bastante útil na vida futura, uma vez que aqueles que conseguem lidar com as emoções a quente, estão mais preparados para os desafios em que virão a ser solicitados.

Estudos recentemente efetuados por psicólogos nos USA demonstraram que os executivos que se tornaram presidentes de empresas, demonstraram uma frequência sete vezes maior de autocontrole, comparativamente com aqueles que foram ultrapassados.

Os Líderes que não demonstram domínio sobre as suas emoções, irritando-se muito facilmente, podem vir a tratar as pessoas de forma desagradável, em consequência da sua fúria.

Sentem-se desequilibrados no seu trabalho, saúde e preocupações familiares.

Sentem-se incapazes de ajustar o trabalho com os valores e objetivos pessoais.

Podem receber mensagens dos seus corpos tais como dores de cabeça crónicas, dores de costas, ataques de ansiedade, etc.

Não prestar atenção a estas emoções faz com que, num curto espaço de tempo, possa ser avassalado por elas. Se, por outro lado, as tentar apaziguar ou reprimir, estas poderão ficar ocultas, mas não inativas.

Um foco nas emoções permite-nos utilizá-las como fonte de energia, de influência e de informação. Estas servem para nos conhecermos melhor e modificarmos as situações com que nos vamos deparando.

Segundo Goleman, a consciência de si mesmo representa, portanto, um foco essencial que nos harmoniza com os subtis murmúrios interiores que podem ajudar a orientar o nosso caminho na vida. Esse radar interno contém a chave para gerirmos aquilo que fazemos e não fazemos, o que pode fazer toda a diferença entre uma vida bem vivida e uma vida vacilante.

Richard Boyatzis, da Case Western University’s Weatherhead School of Management, refere que o que separa um gestor normal de um gestor excecional, é que os grandes líderes sabem gerir as pessoas, o ambiente de trabalho e introduzir a emoção e a excitação na empresa.

Os Líderes que estão na linha da frente:
  • Têm autoconhecimento, reconhecem as suas emoções e são equilibrados;
  • Implementam a sua visão de futuro sem medo;
  • Sabem que a eficácia do líder é medida pelo desempenho da sua equipa e que a liderança é um fenómeno coletivo;
  • Têm consciência de que ser líder é um comportamento, não um cargo, e, como tal, é preciso desenvolver competências específicas para desempenhar essas funções;
  • Que a liderança não acontece no vazio e que o contexto importa;
  • Que, para os líderes obterem resultados, precisam de um triplo foco.

Um líder que só esteja sintonizado no seu mundo interior, estará sem rumo. Os grandes líderes estão focados em recolher informações relevantes ao seu redor, para tomar boas decisões de negócio.

Um líder que esteja cego pela recompensa, aplica um estilo de alta exigência, o que cria um ambiente prejudicial e as organizações sofrem. O Foco deve ser compreender a necessidade, ouvir, motivar, influenciar e cooperar com a sua equipa.

Um líder que esteja cego ao impacto que tem sobre os outros, está indiferente aos sistemas maiores dentro dos quais opera e será apanhado de surpresa, quando as “bolhas” rebentarem.

Nesse sentido:
  • Autoconheça-se neste survey;
  • Utilize o triplo foco, sintonize-se com o exterior, compreenda a necessidade da sua equipa, gira o impacto nos outros;
  • Desafie os pensamentos automáticos: desligue voluntariamente o foco do objeto de desejo, mantenha o foco na distração e mantenha o foco no objetivo futuro;
  • Descubra o que o Motiva;
  • Não sobrestime a importância da sua equipa e pratique uma boa liderança.




Goncalo-RibeiroGonçalo Madeira Ribeiro é diretor da Leadership Business Academy, um spin-off da Leadership Business Consulting. Possui uma sólida experiência de catorze anos em ambiente multinacional e contextos multiculturais complexos. O seu percurso profissional começou na indústria (na Siderurgia Nacional), tendo posteriormente desenvolvido a sua carreira na área da consultoria com empresas como a AIG, Mercuri Urval e a Wilson Learning.