Sofre com o jet lag? A inovação no sono quer deixar-nos a dormir

Sofre com o jet lag? A inovação no sono quer deixar-nos a dormir
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Uma das dores sentidas pelos visitantes internacionais de São Francisco e Silicon Valley é o jet lag. Assim, não é de estranhar que, na altura de fazer brainstorming, surjam ideias inovadoras de negócio para tentar resolver a questão. 

Susanna Camp

Os executivos de Portugal estavam de bom humor após uma divertida atividade de exploração no Ferry Building de São Francisco. O objetivo era encontrar exemplos de grandes experiências do utilizador, polinização cruzada e empatia do cliente; e regressaram à sala de conferências do Hyatt Regency a fervilhar com ideias. Estava na altura de fazer um brainstorming e prototipar novos produtos. Dissemos-lhes para começarem com um ponto de dor, e eles mergulharam, sondando uma dor partilhada por quase todos na sala – o jet lag.

Os portugueses voaram este verão para São Francisco para uma semana intensiva no programa Global Strategic Innovation, uma imersão cultural guiada organizada pela LBC. Milhares de executivos, empreendedores e start-ups da Europa, da Ásia e da América Latina fazem esta peregrinação tecnológica todos os anos com dezenas de organizações. É um ritual de passagem. Os participantes aprendem a lançar e a dimensionar ao estilo de Silicon Valley, como configurar escritórios locais, enquanto vão a eventos de networking onde se encontram com start-ups e executivos locais. Apressam-se para as empresas, em reuniões o dia inteiro com os grandes nomes de Silicon Valley, a fazer contactos/networking e a absorver a inspiração para subir de nível. Mas há um senão: a exigência da viagem coloca-os muitas vezes em piloto automático, e não conseguem tirar o máximo partido da experiência.

E se pudessem recuperar as horas de sono enquanto estão em movimento? Uma equipa portuguesa fez um animado pitch pós-café para o JetNap, um novo serviço que forneceria uma confortável cápsula num autocarro para dormir, responder a e-mails e se prepararem mental e fisicamente para a próxima paragem na sua digressão de imersão. Foi uma ideia engraçada para apresentar no momento. Especialmente porque as empresas já estão a testar espaços de sono em aeroportos internacionais e até mesmo autocarros noturnos de São Francisco para Los Angeles. As viagens internacionais são como viajar no tempo: o milagre de ser transportado numa lata voadora para o outro lado do mundo, para uma geografia, clima e cultura completamente diferentes. Mas demora algum tempo para o corpo e mente recuperarem. O ciclo de sono está suspenso, estamos cansados e, às vezes, o cérebro ainda não está pronto para se juntar ao corpo.

Inovação recíproca
Há uma reciprocidade positiva e emocionante que flui entre São Francisco e os seus visitantes internacionais de negócios. Chamemos-lhe um relacionamento simbiótico entre anfitrião e convidados. Sentimo-nos honrados e agradecidos pela curiosidade e ideias inovadoras dos nossos visitantes, e incentivamos que mais americanos abandonem a sua bolha interna para expandirem as suas ideias e conceitos de negócio, como fizemos este ano. A perspetiva muda após uma imersão noutra cultura, e podemos surgir mais facilmente com novas ideias. Vimos inúmeros exemplos de empresas que arrancaram a partir de visitas a Silicon Valley, incluindo uma das nossas favoritas, a Jobbatical, a plataforma da Estónia que conecta start-ups de todo o globo. Não conseguimos escalar internacionalmente quando estamos isolados num mercado e, ainda mais importante, o sucesso global não acontece sem a polinização cultural cruzada.

Avançando umas semanas, um grupo de executivos e de start-ups da Finlândia estiveram na cidade com a Boardman [plataforma direcionada para a liderança de topo)] para um tour pelos gigantes tecnológicos locais, como a Salesforce ou a Airbnb, e incubadoras como o The Vault. Levámo-los a aprofundar o design thinking e a prototipagem rápida de novos produtos, numa atividade de colaboração e cocriação. E encarregámo-los de um brainstorm para criar novos produtos. O nosso favorito? Adivinhou: um serviço combinado de hardware e software que utiliza a inteligência artificial, learning machine e o anel finlandês Oura para ajudar os viajantes internacionais a superarem o maior obstáculo ao desempenho quando atingem o solo da capital mundial da tecnologia. Deram-lhe o nome de JetLift, uma solução para o jet lag.

As start-ups procuram responder ao mercado. A dor do cliente. Soluções que escalam. Superar o jet lag com tecnologia para viajantes internacionais – isto sim, é um conceito de produto com pernas para andar.

19-09-2018

Nota: Tradução do artigo de Susanna Camp, originalmente publicado no hub de inovação SmartUp.life, que reúne textos sobre empreendedorismo e inovação, incluindo sobre o Hub Criativo do Beato Hub Criativo do Beato ou sobre a Lionesa, entre outros.