7 perguntas que os inovadores de topo fazem

7 perguntas que os inovadores de topo fazem
6 minutos de leitura


Como saber se a sua equipa está a resolver os problemas certos e a construir as soluções adequadas, enquanto vai mais além?

Na série de podcasts “Meet the Leader”, do Fórum Económico Mundial, sete inovadores de topo são questionados sobre como desenvolvem as estratégias de negócios de curto e de longo prazo para determinar o futuro das suas organizações. Estes líderes, que atuam em áreas tão diversas como engenharia, biotecnologia e saúde, partilham dicas práticas e conhecimento que os mantêm na vanguarda da inovação. Seguem-se algumas das perguntas-chave que fazem a si mesmos e às suas equipas.

1. Está a resolver um problema real?
O CEO da tecnológica americana Qualcomm, Cristiano Amon, adverte contra o desenvolvimento de soluções sem um problema claro a ser abordado. “Esta tecnologia está à procura de uma solução, ou é uma solução verdadeira? Pode resolver um problema real? Pode ter clareza sobre o caso de uso ou sobre o potencial do caso de uso?” A verdade fundamental – resultante de dados de mercado, conversas com utilizadores e muita pesquisa – pode orientar os inovadores no desenvolvimento de soluções frescas e relevantes, diz Cristiano Amon.

2. Está a cair em armadilhas de inovação?
Shez Partovi, diretor de inovação e estratégia na Royal Philips (empresa de tecnologia diversificada sedeada nos Países Baixos), destaca os riscos de tomar decisões baseadas apenas em evidências, opiniões de especialistas ou eminência. “Quando cheguei à Philips, uma das primeiras perguntas que fiz às nossas equipas de investigação e desenvolvimento foi: quando foi a última vez que estiveram com um cliente?” A chave está em ouvir os sinais que indicam verdadeiros pontos problemáticos e em estabelecer contacto direto com o utilizador final. Shez Partovi explica que “não vai querer nenhum filtro entre si e a voz do utilizador final, seja o consumidor, seja um médico, enfermeiro, paciente”.

3. Que legado deixou para o seu sucessor?
A importância do pensamento a longo prazo, e não só focado nos resultados a curto prazo, é fundamental para Geraldine Matchett, co-CEO e CFO na Royal DSM (empresa holandesa baseada na ciência, com atividades nas áreas de saúde, nutrição e materiais). “Temos a sorte de gerir uma companhia onde os nossos antecessores fizeram tantas coisas certas”, diz, acrescentando que é crucial preparar o terreno para o sucesso futuro, mesmo durante períodos de conquistas. O planeamento e o investimento no futuro garantem o crescimento e o progresso contínuos, “quer seja na definição da cultura, do propósito ou da mentalidade, e na criação de um pipeline muito bom de inovações.”

4. Como está a derrubar barreiras para uma melhor colaboração?
Para Ponsi Trivisvavet, CEO da americana Inari (projeta sementes para um sistema alimentar global mais sustentável), derrubar barreiras e fomentar a comunicação e a colaboração eficazes é fundamental para alcançar os objetivos comerciais. “Usamos muitas vezes o “all hands” [envolver todos aqueles que trabalham na organização]. Portanto, reunimos toda a companhia com bastante frequência e atualizamos todos sobre onde estamos como empresa em termos dos nossos marcos.” Para tal, acrescenta a responsável, é vital que os departamentos de pesquisa e o lado comercial, em particular, trabalhem juntos rumo a “um objetivo”.

5. De que forma a sua inovação serve a sua visão ou propósito?
Rodrigo Santos, presidente da Crop Science Division na Bayer Crop Science (agronegócio), sublinha a importância de alinhar soluções inovadoras com uma visão partilhada. “E a nossa visão é sobre como podemos produzir mais e conservar mais ao mesmo tempo. Se não for sustentável, não fará parte da nossa investigação e desenvolvimento, do nosso investimento, do nosso foco.” Tal garante clareza a curto prazo enquanto são desenvolvidas soluções a longo prazo que realmente fazem a diferença, afirma. Ao priorizar soluções que abordam problemas reais e contribuem para um propósito maior, as inovações tornam-se mais significativas e impactantes.

6. Como está a tornar as suas equipas responsáveis?
Equipas responsáveis e responsabilizáveis são a chave para impulsionar a inovação, de acordo com Lars Stenqvist, vice-presidente executivo no Group Trucks Technology no Volvo Group. “Dê às equipas a verdadeira responsabilidade e o verdadeiro mandato”, diz, adiantando que estas não devem apenas concentrar-se em fornecer resultados imediatos, mas também em assumir a responsabilidade de moldar as diretrizes para a inovação futura. “E também devem ser responsáveis, e ser responsabilizáveis por criar roadmaps para esse sistema ou componente, para os próximos cinco a dez anos.”

7. Está a criar um ambiente alegre, disciplinado e colaborativo?
Alex Liu, managing partner e chairman na empresa de consultoria americana A.T. Kearney, ressalva a importância de combinar um sentimento de alegria com colaboração para impulsionar inovação que é espontânea, mas também disciplinada. E acredita que é importante não ter “pessoas só a fazer alegremente pesquisa e desenvolvimento” enquanto estão afastadas do mercado. Reunir equipas que tenham uma visão mais holística das necessidades dos clientes é fundamental, conclui, acrescentando que “pode não funcionar, mas há certamente o sentido de cocriação com outras pessoas que é em si uma fonte de bem-estar e de resultados positivos” que irão estimular mais inovação e colaboração.

A inovação exige fazer as perguntas certas e manter um foco incansável nos problemas reais. Ao compreender as verdades básicas, promover a colaboração, alinhar as inovações com uma visão clara e criar equipas responsáveis, os inovadores de ponta podem causar um impacto duradouro. Adotar estas estratégias não só impulsionará o sucesso a curto prazo, como também abrirá caminho para avanços significativos no futuro. 

28-02-2024


Portal da Liderança

Nota: Artigo adaptado de um texto produzido para a Global Agenda/Fórum Económico Mundial por Gabi Thesing, senior writer, Forum Agenda, e Linda Lacina, digital editor, World Economic Forum.