A sua comunicação transmite confiança? Tem a certeza? E influência?
Pense agora no que pode ganhar, e no que pode perder, caso a sua comunicação transmita pouca confiança. Se é líder, decida rápido. É que, de acordo com o Barómetro de Confiança Edelman, os líderes das empresas são os porta-vozes em quem a opinião pública menos confia.
Volte a pensar em si. A sua audiência confia na forma como o vê comunicar? E a sua equipa? E o seu CEO? Em que medida esse nível de confiança está a afetar as vendas da sua empresa? Será por isso que não é tão influente quanto gostaria de ser? Curioso, não é?
Vamos aos factos: lembre-se da quantidade de vezes em que o tal líder aparece em público com mensagens desalinhadas e com uma comunicação verbal e não-verbal incongruente. Pelos vistos, são alguns destes comportamentos que podem manchar a sua reputação e a da sua empresa. Daí a ser percecionado como alguém de menos confiança, é um instante.
A questão que se coloca é: o que pode fazer já, para não lhe acontecer a si?
A sabedoria popular dá a resposta: mais vale prevenir do que remediar.
Prevenir o quê, exatamente?
Se é ou lida com líderes, conhece provavelmente o sabor agridoce do escrutínio público de cada vez que comunica. Se calhar até já teve um jornalista na plateia, sem saber, ou alguém a “tweetar” aquilo que acabou de dizer, num determinado contexto, e depois foi desastrosamente mal citado. Que arrepios só de pensar nos tais 15 segundos, de uma frase mal interpretada, que podiam ter acabado com a sua reputação ou com o valor de bolsa da sua empresa! Foi o que aconteceu no famoso caso do CEO da BP na crise do Golfo, lembra-se? – “I’d like my life back”.
É por estas e por outras que é na prevenção que está o segredo de uma comunicação de confiança e influente.
Para ajudar, e avivando os meus 12 anos de jornalista, perguntei a alguns executivos quais os benefícios de treinarem comportamentos de comunicação de confiança e influência. Estas são as cinco razões mais indicadas por quem quer comunicar confiança e influência:
- “Define o posicionamento da minha empresa. É uma excelente oportunidade para garantir que a estratégia está adequada à minha audiência e que os meus porta-vozes têm as mensagens alinhadas. Numa sessão de treino descobri que os meus administradores estavam, sem querer, em risco de provocarem uma crise. Estavam a ser incongruentes na forma como passavam as mensagens. Pareciam pouco confiáveis.”
- “Protege a minha reputação. Enquanto líder, é essencial saber como transmitir mensagens fortes, concisas e audience friendly. Mas têm de ser adequadas ao meu estilo, quer seja de personalidade ou de comunicação. Para me proteger tenho de saber como blindar uma mensagem, de forma a evitar ser descontextualizado. Isto só se consegue com treino e esforço.”
- “Prepara-me para a crise que há de chegar. Num período de crise inesperada que a empresa passou nunca imaginei ser “atacado” por várias câmaras e dezenas de jornalistas, com perguntas difíceis e agressivas, todos em cima de mim, à espera de dissesse mais do que é suposto. Felizmente lembrava-me bem da técnica 29-7-3 [de Vincent Covello], que os presidentes americanos têm usado nos últimos 30 anos. Só aí é que realmente compreendi que as regras são para cumprir e que nunca sabemos quando uma crise nos bate à porta.”
- “Promovo a minha marca, empresarial e pessoal. Eu sou uma pessoa racional, e tenho alguns desafios quando é necessário falar com mais emoção. Ainda mais a apresentar resultados! Talvez por isso, não acreditava na utilidade das histórias, mesmo sabendo da sua importância para a decisão ou para ser mais convincente. Hoje sei como organizar, sintetizar e contar histórias cativantes, de modo a serem e parecerem confiáveis. É desta forma que falam de mim mais tempo.”
- “Construo confiança. “Failing to plan is planning to fail”, segundo Alan Lakein. Esta lição custou-nos caro a aprender. Principalmente porque comunicar confiança e conquistar influência é um processo e não um resultado, por si só. É difícil o curto prazo, mas também é o mais importante, para qualquer administrador. A consistência não é para quem quer, é para quem pode. E a minha administração pode e quis aprender a ser influente.”
Estas razões são de outras pessoas. Certamente não serão as suas. Por isso, aceite o desafio e, com coragem, pergunte a terceiros se a sua comunicação transmite confiança. E, de 1 a 10, quão influente o acharam? E o que poderia fazer diferente, para poder vir a ser um 10.
Estou confiante de que vai ficar surpreendido.
Boas comunicações.
18-05-2016
Sara Batalha, CEO da MTW Portugal (que integra a Media Training Worldwide Global, empresa de origem americana especializada em media training, public speaking e presentation training skills), recebeu formação em Nova Iorque pelo presidente da MTW Global, TJ Walker. Autora do método “desconstrução do discurso” (com o qual treina a comunicação de políticos, CEO, empresários e profissionais que querem influenciar através da sua comunicação), é certificada em coaching pela International Coaching Community, em DiSC 2.0 pela Inscape, e em micro expressões pelo Paul Ekman Group, aplicando esse conhecimento na especialização em communication behaviour profile analyst.
Acumula cerca de 20 anos de experiência em comunicação, tendo sido jornalista e coordenadora de redação por mais de uma década (“Expresso”, RTP1 e RTP2). Foi consultora de comunicação para agências e empresas, lecionou no CENJOR - Centro de Formação Avançada para Jornalistas, e é docente convidada em universidades do país. É ainda oradora frequente em conferências nacionais e internacionais, marcando presença nos media com análise política em linguagem não-verbal.