E = mc2 (ou como a nossa energia afeta o desempenho)

E = mc2 (ou como a nossa energia afeta o desempenho)
5 minutos de leitura

A energia (e) que empregamos nas nossas funções varia com dois fatores: a motivação (m) e o carácter (c). Assim, perceber como está a nossa energia e a de cada membro da nossa equipa é fundamental para entender até onde cada elemento pode ir e que valor pode aportar ao grupo.

Vera Alemão de Oliveira

De acordo com Einstein, qualquer massa (ou corpo) tem determinada energia associada em função (do quadrado) da sua velocidade, mesmo que em repouso. A fórmula da energia desenvolvida pelo teórico da relatividade considera, como constante, a velocidade da luz, em vácuo. Assim, E = mc2.

Aplicada esta fórmula aos comportamentos, vemos que a energia é o que vai gerar uma ou mais ações, com vista a alcançar determinado resultado. Neste caso, a qualidade da energia varia de acordo com dois fatores: a motivação e o carácter, considerada em duas dimensões, identificadas a seguir.

Motivação
É o impulso que nos faz agir. E não é igual para todos. Um exemplo simples: Maria, criativa e extrovertida, desempenha uma função administrativa na qual executa tarefas rotineiras, repetitivas e que não representam um verdadeiro desafio intelectual, no qual sinta que acrescenta valor. Por outro lado, Ana, sua colega de trabalho, sente-se realizada no tipo de tarefas que a Maria não gosta; pessoa mais reservada e metódica, sente algum conforto na execução de tarefas que representam uma constante e que, uma vez aprendidas, podem ser sempre executadas da mesma forma. No primeiro caso, temos uma pessoa com um nível de motivação baixo no seu trabalho e, portanto, a aplicar pouca energia na realização das tarefas, enquanto no segundo caso temos uma pessoa mais motivada, logo, com um nível de energia mais alto e mais produtiva.

Carácter
É a combinação dos traços de personalidade e dos valores éticos e morais associados a um indivíduo, com tendência para a constância, e que permite a tipificação e até, em determinadas circunstâncias, a previsibilidade dos seus comportamentos. Na fórmula da energia, a dimensão do caráctertraços de personalidade não existe sem a dimensão caráctervalores éticos e morais. Uma influencia a outra. Assim, tudo aquilo que vai contra os nossos valores ou representa uma contrariedade tendo em conta as características individuais, envolve uma fraca aplicação de energia ou a aplicação de energia de carga negativa. Senão vejamos: voltando ao caso da Maria e da Ana, enquanto a segunda se sente realizada, motivada e aplica a sua energia de forma positiva, a primeira sente-se desmotivada, está a fazer algo que não está alinhado com o seu carácter, portanto, aplica a sua energia de uma forma que não a beneficia e que pode, inclusivamente, ser negativa, pela contrariedade e carga emocional associadas.

Como tornar então a energia positiva? Trabalhando um dos dois fatores da fórmula da energia: carácter ou motivação. Uma vez que a motivação é mais mutável e, portanto, mais fácil de manejar, pode começar a trabalhar este fator. A Maria, ao invés de persistir num trabalho que não gosta, a desgastar-se continuamente, pode começar a focar a sua atenção no que lhe dá prazer fazer e é mais consonante com a sua forma de ser. E explorar as opções associadas. Exemplo: aplicar a energia na procura de um novo desafio profissional ou aplicar a sua energia a propor, internamente, outras atividades mais desafiantes do ponto de vista intelectual e onde se sinta mais realizada.

No entanto, o carácter, apesar de mais constante, também pode ser trabalhado, nomeadamente em contexto de coaching. Nem os traços de personalidade nem os valores ético-morais devem ser deterministas, sobretudo se boicotam o nosso desenvolvimento. É frequente ouvir dizer “eu sou assim, já me conhecem” para justificar determinado comportamento. O “sou assim” não justifica tudo. Somos responsáveis por aquilo que fazemos e, em particular, somos responsáveis pela pessoa em quem nos tornamos.

Perceber como está a nossa energia e a de cada membro da nossa equipa é assim fundamental para entender até onde cada pessoa pode ir e que valor pode aportar ao grupo.

E no seu caso, como está a sua energia?

25-06-2018


VeraAlemãoOliveiraVera Alemão de Oliveira, consultora e business coach, colabora com a LBC em projetos de recursos humanos, formação e coaching para gestores e executivos.
Licenciada em Gestão de Recursos Humanos pela Universidade Técnica de Lisboa – Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, tem duas pós-graduações, em Estudos Europeus e e-business, tendo desenvolvido a carreira sempre em áreas ligadas à gestão de pessoas, porque, como refere, por melhor que seja a estratégia de uma empresa, a diferença está nas pessoas.
Ao longo do percurso profissional dirigiu o departamento de Recursos Humanos de uma empresa com mais de 500 pessoas, foi responsável de comunicação numa multinacional de origem holandesa, e foi membro da comissão executiva de um centro de formação. Criou ainda uma empresa na área da formação e do coaching, onde é partner.