A falta de envolvimento por parte dos colaboradores pode ser revertida com base numa premissa fundamental: líderes servidores que ajudem a criar um ambiente no qual os seres humanos prosperem, com base em quatro aspetos.
É usual haver conflito(s) no local de trabalho: não temos de concordar sempre uns com os outros, podemos ter objetivos diferentes, e muitas vezes há quem tente fazer o que quer às custas de outra(s) pessoa(s). Mas, a realidade é que este tipo de comportamento não ocorre em culturas de cuidado no local de trabalho, em que as pessoas valorizam os relacionamentos. Os seres humanos são inerentemente relacionais. E no ambiente de trabalho não é diferente: ansiamos por uma ligação com os outros na procura de exercermos um trabalho com intenção/propósito e que produza resultados significativos.
No entanto, na era da inclusão e da pertença, ainda há culturas de trabalho tóxicas, que afetam de forma grave a saúde e o bem-estar dos funcionários, o trabalho em equipa, a produtividade e os resultados financeiros. Como refere num artigo na revista Inc. Marcel Schwantes, autor, orador e coach com mais de 20 anos de experiência em liderança e desenvolvimento organizacional, até que as empresas abandonem o pensamento de gestão sistémico ancorado nos “ideais fossilizados” da revolução industrial, em que “autocratas e burocratas detêm o controlo, o poder, a autoridade, as regras e as decisões no topo”, a crise de envolvimento dos funcionários vai permanecer sem solução. Para o fundador da Leadership from the Core, reverter o problema das culturas de trabalho tóxicas começa com uma premissa fundamental: ter líderes servidores que ajudem a criar um ambiente no qual os seres humanos prosperem.
Liderança servidora no seu melhor
O especialista em liderança refere que a sua empresa tem vindo a pesquisar o impacto da liderança servidora no desempenho, bem como tem conversado com estudiosos e especialistas para identificar as características do líder servidor. Com base na revisão da informação, determinou que a liderança servidora promove: a valorização e o desenvolvimento das pessoas; a construção da comunidade; a prática da autenticidade; uma liderança que funcione em torno do bem de quem é liderado; e a partilha de poder e de status para o bem comum de cada indivíduo da organização, para a própria organização e para quem é servido pela mesma. Marcel Schwantes acrescenta que, quando a estrutura de gestão e a cultura da empresa falham, é provavelmente um indicativo da ausência de traços definidores que levam a uma excelente saúde organizacional. E dá o exemplo de quatro características dos grandes líderes que são servidores:
1. Praticam a autenticidade
Os líderes servidores são reais, transparentes e humildes. Praticam um estilo ousado de autenticidade que permite que outros sigam e liderem. Estão dispostos a aprender com qualquer pessoa que tenha algo a contribuir. Este espírito de aprendizagem faz com que o líder não esconda os erros, antes aprende com eles.
2. Cumprem promessas
Os líderes servidores sabem que honestidade, franqueza e transparência são o que constrói a confiança numa organização. As pessoas querem que os líderes sejam francos com elas. Este nem sempre é um caminho fácil, mas é o melhor para conquistar a lealdade dos seus colaboradores, e instilar neles um compromisso com a organização e a sua missão.
3. São responsáveis perante os outros
Os líderes servidores bem-sucedidos estão dispostos a admitir erros, e estão recetivos a procurar insights não só junto de quem está hierarquicamente acima na organização como de quem se encontra abaixo na hierarquia. Esta profundidade de caráter permite-lhes liderar sem estarem sempre certos ou terem todas as respostas. Podem ser verdadeiramente eles próprios, com todos os seus pontos fortes e fracos, sem a necessidade de fingir que sabem tudo.
4. Partilham a liderança
A liderança não tem a ver com posição, status ou prestígio: tem a ver com liderar na frente – e nas trincheiras – e trabalhar em estreita colaboração com os outros para tornar o mundo um lugar melhor. Quando os líderes reivindicam privilégios especiais ou impõem a sua posição ou autoridade, distanciam-se daqueles que lideram e trabalham contra a construção de um senso de comunidade e responsabilidade partilhada na organização.
Estas são capacidades de liderança que podem transformar a cultura do local de trabalho. Marcel Schwantes afirma que, quando as empresas em rápido crescimento se comprometem a selecionar os líderes certos e a desenvolvê-los de forma contínua, em que comportamentos como estes se tornam arraigados e são colocados em prática de modo constante, obtêm uma clara vantagem competitiva.
13-09-2023
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