Para conseguir que a sua empresa seja a melhor deve primeiro conquistar (i.e., manter) os seus melhores colaboradores.
Lolly Daskal
Perder um bom funcionário é terrível. Há a despesa da procura de um substituto, da sua formação e integração; há a incerteza – se o novo colaborador vai encontrar o seu espaço; e há as dificuldades enfrentadas pelo resto da equipa até a posição ser preenchida. Por vezes há um motivo sólido para a saída – a pessoa não se enquadrava com os restantes colegas, ou saiu da empresa por razões pessoais, ou teve uma oportunidade irrecusável. Nestes casos, mesmo que seja uma transição difícil, é algo que acontece. Mas, e quanto ao resto das saídas? Um bom começo é tentar entender o que leva as pessoas a bater com a porta. São sete os principais motivos:
1 - Estagnação
Ninguém quer pensar que está preso a uma rotina em que, nos próximos 10 ou 20 anos, vai para o mesmo lugar e fazer a mesma coisa todos os dias. As pessoas querem sentir que estão a avançar e a crescer na sua vida profissional. Querem ter algo a que possam aspirar. E se a organização em que estão não proporciona nenhuma forma de avançar na carreira ou uma estrutura para progredir, sabem que será necessário procurar noutro lugar. Nesse meio tempo, são mais propensas a sentirem-se desmotivadas, infelizes e ressentidas – o que afeta o desempenho e a motivação de toda a equipa.
2 - Excesso de trabalho
A maioria das posições acarreta alguns períodos de stress, bem como a sensação de estar sobrecarregado. Mas nada queima os colaboradores mais rápido que o excesso de trabalho. E muitas vezes são os melhores funcionários – os mais capazes e envolvidos, aqueles em quem o líder mais confia – que são mais sobrecarregados. Se estes trabalhadores se veem a assumir cada vez mais e mais, especialmente na ausência de reconhecimento como promoções e aumentos, começam a sentir que estão a aproveitar-se do seu trabalho. E quem pode culpá-los? O líder, no lugar deles, sentiria o mesmo.
3 – Visão vaga
Não há nada mais frustrante que um local de trabalho preenchido com grandes visões e sonhos, mas sem qualquer tradução dessas aspirações para objetivos estratégicos que as tornem viáveis. Sem esta ligação, trata-se apenas de… conversa. Qual é o funcionário talentoso que quer gastar o seu tempo e energia a apoiar algo indefinido? As pessoas gostam de saber que estão a trabalhar para criar algo de concreto.
4 - Lucro sobrepor-se às pessoas
Quando uma organização valoriza mais o bottom line que as pessoas, as melhores acabam por ir para outro lugar, deixando para trás as medíocres ou demasiado apáticas para encontrar uma posição melhor. O resultado é uma cultura de baixo desempenho, baixa motivação, e até com questões disciplinares. Claro que aspetos como o lucro, os resultados, agradar aos stakeholders e a produtividade são importantes – mas, em última análise, o sucesso depende de quem faz o trabalho.
5 - Falta de reconhecimento
Até as pessoas mais altruístas querem ser reconhecidas e recompensadas por um trabalho bem feito. Quando o líder deixa de reconhecer os funcionários não só está a desmotivá-los como a perder a maneira mais eficaz de reforçar o excelente desempenho. Mesmo que não tenha o orçamento para aumentos ou bónus, há muitas formas low cost de reconhecer os seus colaboradores – e uma palavra de apreço é gratuita. As pessoas que não se sentem valorizadas deixam de se importar.
6 - Falta de confiança
Os seus funcionários estão numa excelente posição para observarem o seu comportamento e equipará-lo com aquilo a que se compromete. Se veem que lida de forma pouco ética com os fornecedores, ludibria os stakeholders, engana os clientes, ou não mantém a sua palavra, os melhores e mais íntegros vão acabar por deixar a empresa. Os restantes, os piores, vão ficar para trás e seguir o mesmo tipo de liderança.
7 - Hierarquia excessiva
Todos os locais de trabalho precisam de estrutura e de liderança, mas a hierarquia demasiado rígida deixa os trabalhadores infelizes. Se os seus melhores colaboradores sabem que não se espera que contribuam com ideias, que não têm luz verde para tomar decisões, e têm de esperar constantemente pelo input de outros com base nos seus cargos em vez de na sua experiência, acabam por ter muito pouco para se sentirem satisfeitos.
Em última análise, muitas das pessoas que deixam os seus empregos fazem-no por causa do chefe, não do trabalho em si ou da organização. Assim, enquanto líder, analise o que pode estar a fazer para afastar os seus melhores funcionários, e comece a fazer as mudanças de que precisa para os manter.
07-02-2019
Fonte: Inc.com
Lolly Daskal, autora, oradora, é presidente e CEO da Lead From Within, empresa americana de consultoria especializada em liderança e desenvolvimento empresarial. Os programas de Daskal visam galvanizar os clientes para alcançarem o seu melhor, ajudando-os a acelerar e a atingir as suas metas profissionais e objetivos de negócios.