Os novos estilos de liderança: identifica-se com algum?

Os novos estilos de liderança: identifica-se com algum?
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A cultura das empresas está a mudar, e alguns líderes têm vindo a realizar experiências com métodos fora da norma. Como resultado têm vindo a emergir vários estilos de liderança não convencionais. São novas formas de liderar que têm prós e contras.

 Vivian Giang

Longe vai o tempo em que dominavam as grandes e burocráticas organizações e em que os estilos de liderança eram bastante convencionais. Hoje espera-se um líder que atue em vários níveis. Como refere Deborah Ancona, diretora do Centro de Liderança do MIT, “já não se trata apenas da inteligência emocional, tem a ver com a capacidade de compreender as complexidades, de resolver problemas e conseguir que as coisas sejam feitas”. Seguem-se três estilos comuns que emergiram entretanto, os benefícios e dificuldades de cada um.

O líder servidor
Em contraste com os estilos de liderança do passado, que têm uma abordagem de-cima-para-baixo, a liderança servidora é um estilo popular, em que o líder serve os trabalhadores.
O CEO do grupo americano Kimpton Hotels & Restaurants, Mike DeFrino, é um exemplo: virou a hierarquia de cabeça para baixo no sentido de capacitar os trabalhadores para que estejam satisfeitos e, por seu turno, mantenham os clientes satisfeitos. O responsável define a liderança servidora como “a capacidade de servir e liderar em simultâneo, e fazê-lo sem esperar nada em troca”. Ou seja, é frequente vê-lo assumir qualquer trabalho, desde pegar na bagagem dos clientes a estar a trabalhar atrás do balcão. A liderança servidora, de acordo com o executivo, também significa falar muito menos e escutar muito mais.
Prós: Mike DeFrino afirma que “há muito mais a aprender e a ganhar ao ouvir os seus funcionários e se parar de pensar que tem todas as grandes sugestões e as respostas às perguntas”. Acrescenta que “a maior parte da inteligência da organização está muito mais próxima das bases que do escritório de topo”.
Contras: Embora se tenha provado que a liderança servidora, quando bem executada, envolve e capacita os colaboradores, se o líder permanecer no papel de “servidor” sem ser capaz de voltar ao seu, as coisas podem ficar problemáticas, diz Deborah Ancona. Por exemplo, numa situação de emergência em que é essencial ter velocidade, o líder servidor precisa de ser capaz de tomar decisões de forma rápida. E numa altura em que o sucesso global de uma organização está dependente do apoio local, há alturas em que o líder servidor vai ter de dar instruções de cima para baixo – mesmo que as unidades locais não percebam por que é necessário darem o seu apoio.

Liderança emocionalmente transparente
Os colaboradores de hoje querem líderes autênticos, transparentes, e não os extremamente controlados do passado. O que por vezes significa alguém que é emocionalmente reativo e diz o que sente, não importando as consequências.
Embora seja de espantar que este tipo de liderança funcione, parece que sim, diz Karen West, psicóloga e uma das partners na empresa de executive search Heidrick & Struggles. Isto porque os funcionários sentem que conhecem o líder, o que pode criar uma sensação de confiança mais aprofundada.
Prós: Este estilo de liderança pode funcionar porque alguns funcionários querem orientação e ser dirigidos de forma imediata. As pessoas são atraídas por líderes transparentes porque sabem com o que podem contar, assegura Karen West.
Contras: A desvantagem pode estar no facto de estes líderes não saberem como equilibrar as suas emoções, e as coisas podem correr “muito, muito mal”, afiança a psicóloga. Se o líder ficar stressado “pode impactar todos os outros. Se estiver de mau humor, acaba por o perpassar para o resto da organização”.

O chefe que é amigo e par
Nas estruturas organizacionais planas os líderes são muitas vezes vistos como colegas que não têm receio de sujar as mãos. Stephanie Horbaczewski, CEO da StyleHaul (comunidade de criadores de conteúdo sobre moda e lifestyle), é esse tipo de líder. Desde que fundou a companhia em 2009 que a executiva não tem um escritório formal, migrando muitas vezes de secretária em secretária para conhecer a sua equipa. Está tão próxima dos colaboradores que os deixa ficar nos apartamentos que tem em Los Angeles e em Nova Iorque quando eles estão em viagem pela empresa. A responsável declara que considera muitos dos seus colaboradores amigos, e que o seu estilo de liderança não afetou negativamente os negócios. A empresa foi adquirida pelo grupo RTL em 2014 com uma avaliação global de mais de 200 milhões de dólares (cerca de 175,9 milhões de euros).
Prós: De acordo com Deborah Ancona, algumas pessoas, como Stephanie Horbaczewski, conseguem alternar entre o amigo e o chefe bom.
Contras: A empresa sofre quando o líder não consegue fazer a mudança com facilidade. Por exemplo, se não pode falar com os funcionários sobre os problemas existentes, então terá de se afastar do seu relacionamento baseado em pares com os trabalhadores. Deborah Ancona refere que “isto é amizade no contexto de uma organização. Há trabalho que precisa de ser feito. Há responsabilidades nas suas funções que podem entrar em conflito com as suas amizades”, conclui.

No fim, não importa que estilo de liderança tem. A psicóloga Karen West diz para também pensar nas equipas que junta, e como o seu estilo enquanto líder se mistura com os deles. Afinal, o sucesso de um líder é tão bom quanto a eficácia das suas equipas.

16-04-2018

Fonte: FastCompany


VivianGiang

Vivian Giang escreve sobre liderança, empreendedorismo, psicologia no local de trabalho, e todos os temas relacionados com o mundo empresarial.