A sua organização está preparada para a Indústria 4.0?

A sua organização está preparada para a Indústria 4.0?
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Empresas de todos os setores no globo estão a adotar a Indústria 4.0. Já não se trata de “temos tempo, é uma tendência de futuro” – a também denominada Quarta Revolução Industrial está aí. É uma realidade. A sua organização está preparada?

No sentido de avançar para a Indústria 4.0 é crucial que as companhias também avancem com as suas capacidades digitais. Mas é importante que tenham uma abordagem passo-a-passo. Tal inclui elaborar uma estratégia, criar projetos-piloto iniciais, equacionar como podem melhor organizar a análise de dados, e desenvolver soluções completas de produtos e de serviços para os clientes. Estas são algumas das recomendações de um estudo realizado junto de 2 mil empresas da área industrial em 26 países. Quanto a conclusões, cerca de um terço das entidades inquiridas consideram o seu nível de digitalização alto, e que deverá aumentar de 33 para 72% nos próximos cinco anos.

A análise denota diferentes atitudes regionais quanto ao que se pretende ganhar com a Indústria 4.0: os grupos empresariais do Japão ou na Alemanha estão a utilizar a digitalização sobretudo para aumentar a eficiência e a qualidade do produto. Já nos EUA está a emergir o desenvolvimento de novos modelos de negócio com a ajuda de ofertas e serviços digitais, e para fornecer o mais rápido possível estes produtos e serviços de forma digital. E, embora as organizações da Ásia-Pacífico tenham hoje maiores níveis de digitalização e de integração, são as companhias nas Américas (seguidas pelas da EMEA  Europa, Médio Oriente e África) que esperam ter maiores ganhos com a digitalização até 2020 (71%).

Propulsionar a eficiência
Na área da produção, as companhias já estão a digitalizar funções essenciais e a cadeia de fornecimento. Em termos mundiais, as organizações tencionam investir cerca de 5% das suas receitas anuais na digitalização. Com base nas indústrias pesquisadas, 5% das receitas correspondem a um investimento total de 907 mil milhões de dólares (quase 820 mil milhões de euros). O foco principal do investimento será em tecnologias digitais, como sensores ou dispositivos de conectividade, e em software e aplicações como sistemas de execução na produção.

As companhias estão ainda a investir na formação dos funcionários e a levar a cabo uma correspondente mudança organizacional. Mais de metade dessas empresas (55% em termos globais) assume que vai amortizar estas despesas no espaço de dois anos.

Em média, as organizações esperam diminuir os custos operacionais em 3,6% ao ano, enquanto aumentam a eficiência em 4,1%. São ainda esperados elevados níveis de redução nos custos em cada indústria. A maioria crê que vai ter um retorno sobre o investimento (ROI) em dois anos ou menos nos seus projetos na Indústria 4.0. Pouco mais de um terço antecipa um período de três a cinco anos, e são muito poucas as que pensam que vai demorar mais que cinco anos para os investimentos na Indústria 4.0 se pagarem por si.

E o motor da Indústria 4.0 é…
…A análise de dados. Acima de 83% dos entrevistados na África do Sul, por exemplo, preveem que a análise de dados terá uma influência significativa nos seus processos de tomada de decisão no prazo de cinco anos. Hoje mais de metade (55%) das empresas locais está a usar big data em áreas como a otimização do controlo do planeamento de negócios, da produção (48%), na melhoria do relacionamento com o cliente e na inteligência ao longo do ciclo de vida do produto (48%). Há outros usos da análise de dados que ainda poucas companhias têm no seu radar, e que incluem um melhor serviço e manutenção dos seus ativos e dos produtos detidos pelos clientes.

As empresas analisadas percebem que é fundamental ter competências em análise de dados, a fim de conduzir com sucesso a transformação digital. Há no entanto um longo caminho a percorrer antes de atingirem o nível de sofisticação necessária para impulsionar realmente as aplicações da Indústria 4.0

Apenas 10% dos entrevistados locais consideram que a maturidade das suas capacidades de análise de dados é avançada, enquanto 66% dizem que a falta de aptidão e competências na força de trabalho das suas organizações é um desafio-chave para tirarem partido da análise de dados. Cerca de 34% dos inquiridos dizem que as suas empresas contam com recursos de análise de dados ad-hoc de trabalhadores individuais, e 9% afirmam não ter qualquer capacidade de análise de dados. Em contraste, pouco menos da metade (48%) das companhias locais incorporou a análise de dados em funções específicas, permitindo-lhes flexibilidade e conhecimento do negócio de modo a aproveitar o seu potencial. E 5% criaram um departamento específico para a análise de dados que serve várias funções na organização. Assim, no sentido de alcançar a excelência na análise de dados, as empresas industriais vão precisar de ter uma variedade de competências, em que se incluem cientistas de dados.

A era digital coloca outras questões. Voltando ao exemplo do mercado sul-africano, os inquiridos identificam como grandes desafios a falta de cultura digital interna e a formação (58%), bem como talento insuficiente (40%). Muitas das indústrias vão ter de desenvolver conjuntos de competências digitais em torno de uma estratégia digital criativa, tecnologia e arquitetura, bem como design em termos da experiência do utilizador. Sem a cultura digital adequada, os melhores talentos não vão querer permanecer na organização. Há também os desafios colocados pela cibersegurança, a perda de dados, a regulamentação e legislação, ou a privacidade dos dados.

Os responsáveis pelo estudo concluem que a Indústria 4.0 terá um benefício significativo para as empresas que compreendem bem o que a Quarta Revolução Industrial significa para a forma como fazem negócios. E convém ter em mente que as alterações em curso transcendem as fronteiras das companhias, bem como as fronteiras dos países onde as organizações atuam.

14-07-2016


Armanda Alexandre/Portal da Liderança

Nota: Artigo realizado com base num texto produzido para o Fórum Económico Mundial por Pieter Theron, chief financial officer da JourneyApps, e Tielman Botha, associate director na PwC South Africa.