Em defesa da criatividade

Em defesa da criatividade
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Para a maioria de nós que trabalha com start-ups, os recursos, incluindo tempo, dinheiro e talento, são muitas vezes escassos. Como resultado, a necessidade impulsiona a criatividade.

Melinda Lewis

“A necessidade é a mãe da invenção”, frase atribuída a Platão, é uma das minhas citações favoritas porque, uma e outra vez, provou ser verdade na minha experiência com start-ups. Para mim, é reconfortante pensar que, quando algo que é necessário vai estar disponível – embora talvez não da forma que se antecipou. E é aí que entra em jogo a maravilha que é a criatividade.

Para a maioria de nós que trabalha com start-ups, os recursos, incluindo tempo, dinheiro e talento, são muitas vezes escassos. Como resultado, a necessidade impulsiona a criatividade, e não são poucas as situações em que esta última pode ser utilizada, desde iterações desconexas a manobras de marketing, passando por alterações improvisadas. Além disso, o termo em inglês “bootstrapping” (relativo a uma pessoa ou projeto em que se vale de recursos próprios em vez de recorrer a ajuda externa) é representativo dos valores americanos tornados famosos no séc. XIX, demonstrando a ideia de usar o que temos da melhor maneira possível e mais criativa para alcançar um objetivo.

Algumas das minhas melhores histórias de sucesso surgiram a partir de situações desafiantes, em que a necessidade trouxe ao de cima soluções criativas. Ao refletir sobre formas significativas para sermos mais inovadores e resolver os problemas de forma criativa, apresento três práticas que considero serem valiosas:

1. Brainstorming sozinho com caneta e papel. Está provado que o brainstorming em grupo produz menos ideias do que se o fizermos sozinhos. Usar uma caneta e papel no nosso processo de pensamento também provou proporcionar maior enfoque do que se usarmos um computador, permitindo que aprofundemos mais o nosso processo de pensamento. Eu guardo os meus cadernos de notas e, de vez em quando, revejo as ideias que apontei no sentido de obter inspiração.

2. Participar em novas atividades. Fazer as mesmas coisas de forma repetida e esperar que aconteça algo de diferente é o que Einstein definiu como insanidade. A boa notícia é que os nossos cérebros são flexíveis. Um estudo recente sobre neuroplasticidade mostra como os neurónios podem voltar a fazer ligações. Tanto a atividade física como a mental ajudam a manter o nosso cérebro saudável e resiliente.

3. Obter apoio. Numa altura em que estava a trabalhar com uma start-up, a equipa demonstrava dificuldade em identificar o design do produto e a proposição de valor. E eu trouxe um especialista do setor para que partilhasse a sua perspetiva imparcial. Tal deu-nos um novo plano sobre como implementar mudanças que tivessem importância para os utilizadores; também aliviou a tensão existente entre os membros da equipa, o que acredito ter-nos poupado tempo e dinheiro.

Em resumo, manter uma mente aberta pode ser o melhor ativo para apreciar e experienciar a criatividade. Enquanto alguns argumentam que a capacidade de ser criativo é algo que não pode ser aprendido, experimentar diferentes formas de abordar problemas pode ser a diferença entre o sucesso e falhar.

07-02-2018


Portal da Liderança


Melinda Lewis Small

Melinda Lewis é uma profissional e instrutora de marketing digital sediada na Baía de São Francisco, nos EUA. Formada na School of Foreign Service da Universidade de Georgetown, em Washington, D.C., trabalhou no México, em Espanha e na França. Em 2016 foi considerada uma das consultoras de marketing Best ProFinder do LinkedIn (a plataforma ProFinder faz a ligação entre os consumidores e pequenas empresas a serviços de profissionais freelancers). Melinda dá ainda aulas de marketing, tendo lecionado Negócios Internacionais e Comunicações Interculturais em Paris num curso de verão entre 2013 e 2016.
Melinda Lewis trabalhou como consultora na Leadership Business Consulting em São Francisco, no desenvolvimento de novos negócios para start-ups portuguesas e dando apoio num programa de inovação em Silicon Valley.
Autora e ávida viajante, gosta de escrever sobre o futuro do trabalho, a sociedade e as nuances culturais.