Será que os executivos sabem o que é uma boa prática de media training? Será que sabem que podem obter o novo ROI – return on influence nas entrevistas que dão?
Sara Batalha
Um dia um presidente de uma instituição financeira procurou-nos. Queria melhorar a sua comunicação. Considerava-se muito bom, mas queria ser excelente. Ele queria superar-se e sentir que tinha maior controlo durante as entrevistas. Queria ganhar retorno com a sua comunicação: “Já que tenho de investir tempo a dar entrevistas, também quero ter o meu ROI, pode ajudar-me?”.
Sim, podemos.
O valor que este executivo procurava no seu media training era o novo ROI – return on influence. Tinha como objetivo muito concreto agregar valor à instituição, com cada entrevista, com cada citação publicada nos media.
Logo nas primeiras entrevistas já tinha descoberto a resposta à pergunta clássica de arranque: “Afinal, o que querem os jornalistas portugueses?”.
Por causa desta e de outras, a MTW e a Metrics Lab desenvolveram um inquérito à imprensa portuguesa para redescobrir o que, afinal, vai na cabeça dos media. E hoje revelamos uma das cinco perguntas e conclusões que foram o ponto de partida do inquérito e que levaram a grandes descobertas sobre as expectativas dos media portugueses.
1. Segundo o seu ponto de vista, um entrevistado que tenha realizada media training agrega valor ao próprio negócio?
Confirmado. As conclusões revelam que 96% dos inquiridos consideram que um executivo com boa prática de media training agrega valor ao seu negócio.
Parece simples de entender, mas mais difícil de compreender. Pergunte-se: Será que os executivos sabem o que é uma boa prática de media training? Pela nossa experiência, assessores e jornalistas são profissionais de comunicação, e não de evolução e transformação de comportamentos. Talvez seja por isso que muitos executivos ainda ficam desconfortáveis e evitam dar entrevistas.
O tal senhor presidente aprendeu como o seu perfil comportamental reage ao stress, o que o bloqueia e o que pode fazer para estar no seu melhor, mesmo em contextos hostis de entrevista. Preparou-se, porque as competências de comunicação treinam-se e estão prontas para serem desenvolvidas até ao seu máximo. Ou seja, deverá ter uma comunicação moderna, adaptada e colaborativa. Até porque, segundo os inquiridos, um entrevistado bem preparado transmite mais confiança, mais credibilidade e potencia maior notoriedade à empresa que representa.
Um estilo de liderança comunicativa mais próxima e colaborativa é o que é pedido, tanto pelos jornalistas como pelos seus colaboradores, mas vivemos com líderes que foram formados e formatados pela cultura académica e empresarial, para terem um estilo pressionador, diretivo e formal.
Com base nos 12 anos em que fui jornalista, e agora, fazendo a ponte entre esta dança jornalista-entrevistado, acredito profundamente que isto ainda acontece em Portugal, por defeito na cultura empresarial das últimas décadas.
As respostas vagas e curtas que fogem ao importante, a falta de prática e de preparação adequada e suficiente levam ao discurso redondo de que tantos jornalistas se queixam. Os media valorizam respostas objetivas, concretas, com exemplos e com coragem. Entrevistas que lhes facilitem a vida, lhes poupem tempo e os façam brilhar perante os pares.
É esse o resultado das suas entrevistas? Se não é, pode ter um problema por resolver.
09-03-2016
Sara Batalha, CEO da MTW Portugal (que integra a Media Training Worldwide Global, empresa de origem americana especializada em media training, public speaking e presentation training skills), recebeu formação em Nova Iorque pelo presidente da MTW Global, TJ Walker. Autora do método “desconstrução do discurso” (com o qual treina a comunicação de políticos, CEO, empresários e profissionais que querem influenciar através da sua comunicação), é certificada em coaching pela International Coaching Community, em DiSC 2.0 pela Inscape, e em micro expressões pelo Paul Ekman Group, aplicando esse conhecimento na especialização em communication behaviour profile analyst.
Acumula cerca de 20 anos de experiência em comunicação, tendo sido jornalista e coordenadora de redação por mais de uma década (“Expresso”, RTP1 e RTP2). Foi consultora de comunicação para agências e empresas, lecionou no CENJOR - Centro de Formação Avançada para Jornalistas, e é docente convidada em universidades do país. É ainda oradora frequente em conferências nacionais e internacionais, marcando presença nos media com análise política em linguagem não-verbal.