“O verdadeiro sinal de inteligência não é o conhecimento mas a imaginação.” - Albert Einstein
É cada vez mais frequente ouvir-se falar de criatividade no mundo empresarial e dos negócios, bem como da importância de estimular o espírito criativo nos colaboradores. No universo empresarial cada vez mais competitivo em que vivemos, ter pessoas criativas, adaptáveis, inteligentes e motivadas é um trunfo para qualquer empresa.
Para falar de criatividade começo por distinguir o conceito de criativo, do conceito de artista. Apesar de serem próximos, nem sempre se tocam, na medida em que um artista tem que ser criativo, mas o oposto não é necessariamente verdade.
Todos os seres humanos são criativos à nascença, mas, à medida que crescemos, deixamos de treinar esta capacidade. Vamos perdendo a curiosidade e a capacidade de arriscar face ao medo do ridículo e do erro.
Nem todos temos que ser brilhantes criativos, mas todos podemos trabalhar esta capacidade. Não é exclusiva dos artistas e encontramo-la em várias disciplinas, desde a ciência à matemática, da literatura à engenharia, passando pela tecnologia, entre outros.
Leonardo da Vinci, Picasso, Einstein, Walt Disney, Henry Ford, Thomas Edison, Steve Jobs, foram profissionais brilhantes nas suas áreas. Estamos a falar de pessoas excecionais, que em comum tinham também o facto de serem criativos.
A Arte suprema é o negócio.”
Quem o disse foi Andy Warhol. Warhol era um artista mas também um homem de negócios. No entanto, habituámo-nos a caraterizar os homens de negócios como pessoas cinzentas, quadradas e aborrecidas, e os artistas como sonhadores, rebeldes, coloridos e emocionais. As generalizações são sempre perigosas, mas será que neste caso têm um fundo de razão?
Formei-me em Design de Comunicação e trabalhei em agências criativas no início do meu percurso profissional. A transição para um ambiente de trabalho “tradicional” não foi fácil no início. Cedo percebi que, em vez de me adaptar e formatar, poderia antes importar algumas das boas aprendizagens que tinha feito para a minha empresa e, em particular, para a minha equipa. Incutir um pensar e fazer diferente, desde a forma de estar da marca às atividades internas, ao marketing e à própria relação com os clientes, são algumas delas. No entanto, nem sempre se revela uma tarefa fácil a de desafiar constantemente a rotina, colocando a fasquia mais alta a cada novo projeto.
Como podemos então estimular a criatividade em nós mesmos e nas nossas equipas?
Podemos, e devemos, procurar inspiração todos os dias e em toda a parte, observando atentamente o que nos rodeia. Devemos olhar para dentro, mas, sobretudo, para fora do nosso setor de atividade.
Quando Picasso afirmava que “Os bons artistas copiam, os grandes artistas roubam”, queria sobretudo dizer que muitas ideias já existem e estão apenas à espera de ser reinventadas ou “roubadas”.
Saia da rotina, seja através do agendamento de reuniões fora do escritório ou de pequenas surpresas no dia-a-dia.
Incutir um espírito de melhoria continua em todos é essencial, mas não menos importante é a criação de espaços de trabalho que estimulem a criatividade. Nesse campo a Google é pioneira, sendo conhecida pelos seus escritórios que mais se assemelham a um parque de diversões.
Outra forma de estimular a criatividade é através da promoção de workshops de criatividade, incorporando algumas metodologias de design thinking.
Por último, podemos fazê-lo importando pessoas criativas para dentro das equipas.
A propósito da importância do pensamento criativo dentro das empresas, o escritor e orador Daniel Pink, afirmou que o “MFA (Master in Fine Arts) é o novo MBA (Master in Business Administration)”, desafiando muitos CEOs a exercitarem o seu lado criativo através da frequência de um curso de artes. Será que a criatividade terá que fazer parte do CV dos futuros CEOs?
Alguns exemplos mostram-nos que a verdade está algures pelo meio. Uma organização precisa de criatividade, de beleza e de inovação enquanto motor do negócio, bem como de matemática, ciência e engenharia enquanto pilares do mesmo. Mas, acima de tudo, precisa de ter líderes da imaginação, para definir novas estratégias que desafiem a realidade existente.
Rita Nabeiro, Diretora Geral da Adega Mayor, é licenciada em Design de Comunicação pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. O seu percurso profissional teve início em 2005 na área de design e comunicação. Primeiro numa agência de publicidade em Itália e de seguida em Portugal, na agência Brand New. Viria a integrar o negócio familiar (Grupo Nabeiro-Delta Cafés) cerca de dois anos mais tarde. Dentro do Grupo Nabeiro começou por integrar o departamento de marketing da Delta Cafés, mas a aposta do Grupo Nabeiro na área dos vinhos levou-a até à direção de marketing da Adega Mayor, onde se destacam projetos como as edições especiais e as Wine Talks. Em 2012 assumiu a direção geral da Adega Mayor, posição que ainda hoje mantém.