Rui Miguel Nabeiro: A marca Delta Q tem-se revelado uma aposta ganha no mercado brasileiro

Rui Miguel Nabeiro: A marca Delta Q tem-se revelado uma aposta ganha no mercado brasileiro
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Rui Miguel Nabeiro, CEO da Delta, refere que uma das grandes dificuldades que sente de momento "é motivar as pessoas" e que "Algumas ideias que temos vindo a desenvolver e que podem ser o futuro em termos de inovação, foram dadas pelos colaboradores do grupo". Sobre o seu avô Rui Nabeiro, confessa que é uma influência "desde que nasci" e que o que "mais tenho aprendido com ele é a sua componente relacional".


Não há um único líder que nunca tenha falhado. Só quem arrisca e aposta, mesmo que falhe, conhece o sucesso. Um líder não se define por ser mais um, mas por ter a coragem e a ousadia de arriscar e a humildade para ultrapassar os momentos menos bons.


Portal da Liderança (PL):  É CEO  da Delta desde 2005. O que o move e onde quer chegar?

A ambição faz parte de quem está à frente de algum negócio. 


PL: Como vê o crescimento do consumo doméstico de café através de cápsulas e a forte concorrência na área? Qual o impacto que tem gerado no negócio da Delta?

Rui Miguel Nabeiro (RMN): A marca Delta Q é atualmente líder no mercado nacional de cápsulas e já representa 20% no total do negócio do Grupo Delta Cafés. Como tal apraz-me dizer que Delta Q tem gerado um impacto muito positivo.

PL: Trata-se de uma área que veio para ficar? Irá esta dar origem a novos produtos?

RMN: Temos vindo a desenvolver a marca e a apostar em inovações através do lançamento de novas máquinas e também no lançamento de novos blends. No caso dos mercados internacionais, e concretamente no mercado brasileiro, a marca Delta Q tem-se revelado uma aposta ganha, o que nos motiva cada vez mais.

PL: É um dos responsáveis do Delta Q.1, um projeto que idealizou e acompanhou desde 2006. Como cria e desenvolve dinâmicas de inovação na organização

PL: O Grupo Delta encontra-se em seis países, Portugal, Espanha, França, Luxemburgo, Angola e Brasil. Quais as dinâmicas que desenvolve para melhor gerir esta presença internacional? 

RMN: Tentamos ao máximo ter uma maior proximidade com os nossos colaboradores e, obviamente, com os nossos distribuidores e clientes, à margem do que acontece no território nacional. Tem sido esta a cultura da nossa empresa, e sabemos que devemos continuar a cultivá-la.

PL: Tem responsabilidade direta na área estratégica e de operações. Que dificuldades está a sentir no seu negócio? 

RMN: Uma das grandes dificuldades que sinto neste momento, e penso que acaba por ser um sentimento geral, é motivar as pessoas. Num contexto adverso, esta é, sem dúvida, uma das maiores dificuldades dos últimos tempos. Temos de ser realistas e perceber que quando a nossa economia está em contra ciclo, é complicado gerar motivação. Acredito, porém, que devemos manter o objetivo de motivar, dinamizar e estimular os nossos pares. Este é sem dúvida um aspeto fundamental na função de líder e que não pode ser descurado.

PL: Muitos têm sido os grandes talentos que estão a deixar o país. Como retém os seus talentos e potencia a liderança dentro da Delta? 

RMN: É essencial saber promover o talento e dar-lhes confiança para o futuro. Dentro do Grupo Delta, temos desenvolvido ferramentas para jovens licenciados no sentido de, também eles, terem a oportunidade de ascenderem dentro do Grupo, nos mais variados sectores, e a verdade é que tem sido muito interessante ver que o nosso país tem muitos e bons talentos.

PL: A Delta começou, mantém-se e muito tem feito pela comunidade de Campo Maior. A retribuição à comunidade em que se inserem é uma das preocupações da organização? 

RMN: De outra forma não poderia ser até pelos fortes laços da empresa com a comunidade. Somos uma empresa de Rosto Humano, e Campo Maior representa bem aquilo que é o ADN da Delta Cafés. São as pessoas que nos motivam, são as pessoas que trabalham connosco lado a lado, diariamente, e foi em Campo Maior que tudo começou, há mais de 50 anos.

PL: Foi reconhecido internacionalmente com a nomeação na categoria de The RSM International Entrepreneur of the Year Awards nos European Business Awards 2010 e foi apontado recentemente como um dos líderes mais promissores de Portugal. O que está na base da sua atuação enquanto líder?

O que me carateriza acima de tudo é o foco, a exigência e acima de tudo uma grande partilha em tudo aquilo que fazemos.

PL: Qual o balanço que faz da prática da gestão em Portugal? 

RMN: Considero que cada vez mais surgem casos de boas práticas, no que toca a jovens gestores, que começam a emergir e a trazer novas dinâmicas às empresas. O que nos dá alento e confiança para o presente e futuro.

PL: O que recomenda aos jovens líderes da lusofonia para reagirem ao erro e exercerem uma melhor liderança?

Só quem é corajoso e ousado é que consegue fazer a diferença. 

PL: Onde mais tendem a falhar os líderes? 

RMN: Penso que não há um único líder que nunca tenha falhado. Uma falha não significa falta de liderança, porque só quem arrisca e aposta, mesmo que falhe, conhece o sucesso. No entanto diria que as pessoas têm de ser o foco de qualquer líder e, se este não souber motivar, orientar e envolver as suas equipas está, certamente, a falhar naquela que é a sua missão.

PL: O seu avô, Rui Nabeiro, criou a empresa em 1961 na vila alentejana de Campo Maior, num pequeno armazém com 50 metros quadrados e sem grandes recursos, tendo começado com apenas duas bolas de torra de 30 kg de capacidade. O que destaca da atuação e da liderança do seu avô? É uma influência para si?

PL: Qual o líder nacional ou internacional cuja liderança destaca e porquê? 

RMN: Acho que é óbvio. O meu avô!

 


Rui-Miguel-NabeiroRui Miguel Nabeiro nasceu a 23 de Janeiro de 1979 e mostrou desde cedo capacidade de liderança e espírito empreendedor. Concretizou o ensino secundário nos Salesianos de Lisboa, em 1997, e foi na Universidade Católica Portuguesa que concluiu, em 2003, a licenciatura em Gestão. Enriquecer o currículo e ter uma aprendizagem constante são objetivos que marcam o percurso profissional e pessoal de Rui Miguel Nabeiro. Programação em Flash pela NHK – Portugal, Formação na área de Equipamento Hoteleiro na Brasília – Itália – Programa de Marketing e Gestão de Recursos Humanos para Executivos – Universidade Católica, Curso de Cata de Café, Associação Comercial de Santos – Brasil – são alguns dos cursos que o jovem administrador da Delta Cafés realizou nos últimos anos, para além do vasto conhecimento na área da informática, concretamente na construção de páginas Web. Tem ainda frequência em cadeiras optativas de Tecnologias de Sistemas de Informação Integrados, Comércio eletrónico e E-Business, para além da capacidade em falar e compreender várias línguas como o inglês, o espanhol, o italiano e o francês. Logo após a conclusão da sua licenciatura Rui Miguel Nabeiro estagiou na Coprocafé – Ibéria, na área de Trading e Controlo de Qualidade, com uma incursão ao Vietname. Foi o início para o estágio na Brasília, Itália, e na Volcafé em Wintherthur, Suíça. De regresso a Portugal, a Direção de Marketing da Delta Cafés, em Campo Maior e a liderança do departamento de Lisboa da referida empresa, onde se encontra atualmente, fazem parte da sua evolução enquanto profissional.